segunda-feira, 23 de novembro de 2009


Esqueci Como Poetar



Quando
Na outrora dos tempos
Me achava um poeta
Nada eu escrevia
Hoje
Quando escrevo
Parece de mim escapar
Todo furor
De se fazer poesia.

(William I. C. Souza)

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Triunfo


O cd vem num envelope feito a mão com a arte carimbada de um lado e do outro a lista das 25 músicas da mixtape (gravada em cd-r) entitulado “Pra quem já mordeu um cachorro por comida até que cheguei longe“. O trabalho manufaturado do Emicida mc paulistano de 21 anos pode de cara até parecer amador, mas o fato é que de mão em mão já foram distribuídas mais de duas mil cópias, dois reais pegando da mão do artista e cinco via correio. A experiência já tinha sido testada por ele um ano atrás quando disponibilizou 300 cópias de seu single Triunfo o qual ganhou recentemente um clipe. O grande destaque nas batalhas de improviso deram a Leandro a alcunha de Emicida, aquele que “assassina“ mcs (logo se tornou uma sigla E.M.I.C.I.D.A. – Enquanto Minha Imaginação Compuser Insanidades Domino a Arte), videos de seus duelos ajudaram a difundir seu nome, hoje no Youtube.com encontra-se várias amostras de seu domínio sobre adversários, alguns vídeos com mais de 200.000 acessos. Então chegamos a um ponto interessante do mundo do rap: improvisar x compor. Muitos não conseguem conciliar as duas coisas ou não conseguem provar que sabem fazer as duas coisas. Uma outra questão interessante de se ver aqui é que são poucos os mcs conhecidos pelo improviso que sentem a necessidade de registrar algo. Nesse caso o trunfo do Emicida são as 25 faixas vendidas a singelos 2 reais. Não vou mentir dizendo que se tratam de 25 boas faixas, mas posso assegurar que 15 delas estão bem acima da média. As participações ficaram mais nas produções dos beats e nos instrumentos tocados, nas rimas os únicos participantes foram Rashid e Criolo Doido economicamente registrados no mesmo samba-rap sobre a tal cerimônia do freestyle. O conteúdo das letras passam por diversos temas bem conhecidos dentro do gênero. Rua, bairrismo, amizade, problemas sociais, o rap em si, relacionamentos… o interessante é que pelas perspectivas de Emicida o deixa próximo de ser o elo que faltava entre a velha e nova escola. Nem tão sensacionalista quanto Racionais nem tão acadêmico quanto Mzuri Sana. É claro o abismo entre geração que batucava lata na estação de metrô São Bento e a geração que tem a internet como uma das mais fortes fontes de informação. O Emicida consegue ser um fenômeno da internet e mesmo assim transpirar a essência da rua. Coisa de poucos... 


quarta-feira, 12 de agosto de 2009

terça-feira, 11 de agosto de 2009

"No passo e no tempo"

_______

Como pensamento, sou vago, profundo, indiscreto, imperfeito,
assim como os dos alheios que conheço.
Teimo em ser como sou, mesmo não o querendo,
pois no final faz valer a pena.
E a quem diga que não. E quem não diria?
O corpo, na maioria das vezes pede um carinho apenas,
nada a mais do que não seja necessário
para sintonia das notas que formam meu soneto.
E os tons produzidos pelas notas vacilam e oscilam
entre harmônicas e singulares partes de um ser em busca de um eixo.
Ser convalescente de uma transformação não necessária,
mas natural de uma existência.
A mudança natural dos hábitos, rotina e apegos,
são nada mais do que reflexos desapercebidos
da necessidade de se adaptar ao meio.
O que leva a uma mudança constante
e interna dos sentimentos, vontades e desejos.
Leva a crer por final,
que mal se conhece aquele que não se permite mudar!

..... é isso apenas, algumas palavras..

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Chinoiseries


O trabalho feito pelo produtor francês Onra, é bem semelhante ao que Madlib fez alguns anos atrás pesquisando trilhas de filmes indianos. Onra construiu 32 faixas com samples de músicas vietnamitas. O resultado é impressionante, repleto de samples psicodélicos com vocais, chiados e timbres distorcidos dando aos pequenos beats um clima bem obscuro. Acredito que os discos coletados pelo produtor nos sebos de Saigon deram um ótimo investimento.

Download: Chinoiseries

segunda-feira, 27 de julho de 2009

movimento de vertigem - 24.07.09

foto: "instante"
2008


Meus olhos ainda lembram a proximidade com o chão daquela manhã, meu corpo ficou dias dolorido, mas sentia que tinha comigo um troféu, aquele esparadrapo encima do meu olho ficava como uniforme de aventura, junto com minha regata do Mikey.
Eu corri e corri, precisava chegar primeiro em casa, meus obstáculos eram duas ruas inclinadas que davam em casa, e meu chinelo que estava arrebentado. Eu tinha seis anos, e corrida era contra eu mesmo, ou melhor, o campeonato de corrida que imaginava. Meu corpo se comportava como de um atleta desengonçado, meu peito inclinado, minhas mãos que ganhava o ar, e minha boca que pronunciava um narração eufórica da vitoria, que ainda não sabia ser minha, tinham dois na minha frente.
Sozinho para quem me via de fora, e entre muitos e uma mata fechada para quem me via de dentro, corria desesperado, não sabendo se falava ou respirava. Estava perto da esquina, no meio de percurso, já avistava minha casa na outra esquina. Acelero o passo, e a imagem da minha casa é trocada pelo do asfalto. Meu chinelo arrebenta de vez, sou traído pelo meu equipamento de corrida. Lembro que fiquei parado olhando o horizonte entre o asfalto e minha casa. Pensei “estou em uma corrida, não posso parar”. Todos os outros corredores passam na minha frente.
Eu levantei joguei meu chinelo fora, e descalço caminhei até minha casa. O sangue escorria na minha cara, o corte foi profundo. Cheguei em casa e fui recebido pela minha mãe, ela olhou assustada e eu ri, estava feliz por completar a prova, ainda mais sangrando, tinha as coisas que meu time o Corinthians tinha também, pelo menos era o que meu pai dizia, e eu só acreditava, ele era meu pai.
Minha mãe desesperada venho em minha direção, quando ela encostou no meu supercílio, voltei a realidade, uma puta dor se apossou da minha cabeça, então chorei e chorei, minha camiseta esta cheio de sangue (para mim era cheio), sentei no chão, minha cachorra nina, uma vira-lata, veio, acho que tentando me ajudar. E me levaram direto para o posto de saúde do bairro. Levei seis pontos, gazes e esparadrapo faziam parte do rosto agora, era bonito e feio, heróico e dolorido. Tenho uma foto comigo, com o esparadrapo e a camiseta do Mikey, comendo melancia com mão (sempre gostei disso), e um sorrido de lembrança vem até meu rosto com 24 anos hoje.
Passando cinco anos, meu irmão também cortou o supercílio, no meu lado do rosto, com seis pontos, com seis anos. Mas dele, uma gangorra o acertou. Deve ser coisa de família isso.

Encontro



Hoje,

Dia do contato!

Da referência de viver e ser vivido,

apenas para sentir o prazer de estar presente!

E, assim, de corpo e alma se encontram.

Masturbam-se em sintonia do acaso,

sangue da mesma carne.

Retornam, então, ao lar inconsciente,

constante da ausência daquilo que faz e não faz falta.

Descaso de um passado entregue ao destino.

A cada recomeço inesperado resolvem,

envolvem e dissolvem a carência permanente.

Carinhos de abraço, ausentes do descaso,

com forte apego beijam a pele, entregam-se.

Nada se perde, tudo se encontra!

E percebem, ao pouco que segue,

que viva!... não adormeça!

Diante da fraqueza,

supere, entregue de pura beleza a verdade.

Mesmo que apenas uma vez! Uma única! Seja!

(werther fioravanti, 2009)

domingo, 26 de julho de 2009

Wave

Homenagem ao Tom Jobim maior compositor da música (não só) brasileira. No video dj Pg (Elo da Corrente/Mamelo Sound), Máquinado (grupo captaneado por Lúcio Maia da Nação Zumbi) e Danilo Caymmi. Video exibido pelo programa Mosaicos Musicais da tv Cultura.


Sujo!

sexta-feira, 24 de julho de 2009

filho de Goethe

-------

loucura!
essa alma cantando se rola em lágrimas,
mal entende o emaranhado de emoções e confusões presentes.
atordoa o corpo!
a pele trêmula,
cheia de marcas.
confusa alma,
interpretada por um espírito louco,
sem controle!
divide em partes tantas dúvidas
que já delas não tem respostas.
se perde pobre ser apaixonado,
filho de Goethe.
controle, não se conhece mais.
atordoado, pilhado em gestos, corpo suado, jogado.
carma desse nome?
o que se faz? sem vontade, sem cor?
o eixo de tudo se vai.
aonde vai? volta!
alma atordoada, não suporta tanta distância,
já havia falado.
e ainda tem o que é mal resolvido.
adiado talvez, quem sabe.
pobre alma,
com tanto e tão pouco.
intensa vontade de enlouquecer,
necessidade!? talvez.
controle remoto sem pilha,
antena caída, sem sinal...
a tela cinza, sem vida,
chia e chia!
mais uma noite se foi.
o açucar pela manhã já não é mais o mesmo,
entrou formiga.
densa intensidade de sentimentos
presentes da falta que faz!
precisa de uma voz,
só uma, só dela,
apenas ela!

Werther Fioravanti , 2009

segunda-feira, 13 de julho de 2009

A música é a arma


"Fela nasce em 1938, na cidade iorubá de Abeoukuta (Nigéria), mesma cidade de nascimento do escritor nigeriano Wole Soynka, prêmio Nobel de Literatura em 1986. Vindo de uma família de intelectuais de classe média, com quase todos os seus irmãos formados em medicina, Fela parte para Londres em 1958 com o mesmo intuito, o de estudar medicina. No entanto, com pouco tempo de estadia em território britânico, percebe que o seu interesse era definitivamente outro; acaba estudando música e forma uma banda que misturava jazz, soul e algumas variantes de ritmos africanos. Daí em diante, a arma de Fela passa ser realmente a música. Porém, ele só terá a consciência profunda disso depois de sua turnê pelos EUA, em 1969, onde ele passa dez meses e acaba tendo contato direto com o movimento dos Panteras Negras."

Este é um trecho da resenha feita pelo jornalista Bruno Tasso, sobre o documentário "a música é a arma" que fala sobre a vida de Fela Kuti. Vale a pena dar uma lida, até para instigar a procurar mais coisas sobre ele (clique aqui).
Ouvi algumas músicas dele aos conselhos do Chico. Havia gostado, mas não sabia da história da vida dessa pessoa que produzia aqueles estímulos sonoros. Genial!!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

(...)

Não estava bom. Mas não sabia o que era bom. Nem haveria história se estivesse. Ele sabia que faltava alguma coisa, mas aparentemente não se importava. Era um tal de acordar atrasado, correr até o ponto da esquina e pegar a condução lotada de pessoas como ele. Sem terem muita certeza de que era daquilo que gostariam para suas vidas. O semblante entregava a interrogação de cada um. O clima de navio negreiro faz com que se deseje que o dia chegue logo ao fim. E ainda estamos falando da primeira cena. O cheiro de café e as caras de sono seriam os próximos sinais de que alguma coisa estava errada. Mas nada se fala, passa-se a régua em tudo que ficou pra trás e se perde entre papéis, números e letras. Com tantas bocas para alimentar, não há tempo para pensar no que falta, tem que se preocupar no que falta para o trabalho ser entregue no prazo. Nesse instânte o cigarro faz com que tenha tempo pra respirar. Faz sentido. Os dois ponteiros apontam para o céu. Sinal que temos uma hora para a segunda parte. A comida de hoje tem o mesmo gosto da comida de ontem que tem o mesmo gosto… de quê? Não tem tempero. A tarde promete ser ilusoriamente mais tranquila que a manhã, o que não se termina hoje se deixa para amanhã. A pressa é aparente, só tem ansiedade para abrir aquele incrível e-mail sobre o nada. Que neste cubiculo parece bem real. Horas mais tarde, no caminho de volta o corpo pesa, a preocupação muda de cenário. O que era crise mundial se transforma na compra do mês. Com o semblante mais pesado ele faz o caminho inverso. Em casa toma banho, janta, arrisca brincar com as crianças, lembra que na vida que se leva não há mais espaço para imaginar outra realidade. Pé no chão, bunda no sofá, controle na mão. Nem dá pra dizer onde a cabeça está. Se é que está. Não estando mais tão entusiasmado assim, dá um beijo na patroa e deita na cama. Falta ainda alguma coisa.

terça-feira, 30 de junho de 2009

milagre de São João




Esse "andor" (como é chamada a base móvel onde o santuário é elaborado) foi da tia do Pedro Paulo, aquele ali em cima, ao lado das imagens que o protegem desde o seus 2 meses de idade. Radialista, nascido em Corumbá em 1965 (como diria minha amiga Patrícia: o mesmo ano em que se iniciou a guerra do Vietnã e considerado ano da cooperação mundial pelo ONU), Pedro Paulo teve a sorte de ter uma mãe sensível às sincronicidades do destino.

Neste mesmo ano, com o filho de apenas dois meses no colo, Dona Carlinda acompanhada de seu marido saíram desacreditados do hospital, com a previsão de que nada poderia ser feito para salvar seu filho da morte.

Sua tia o lavava para colocá-lo no caixão. Já não se mexia, não apresentava sinais vitais. Nesse momento sua mãe ouviu a procissão que passava na esquina ao lado da casa, descendo as ruas cantarolando as ladainhas de São João, para lavá-lo nas águas do rio Paraguai.

Correu até o santo, parou a procissão por alguns instantes e pedia chorando, com toda a sua energia, que seu filho retornasse à vida, que ainda não era o seu momento de "desencarnar". Dona Carlinda sensibilizou a todos os fiéis. Uma mulher de fibra, cuidava dos filhos, arrumava e administrava o lar, coordenava o centro de Umbanda em frente à sua casa para reunir pessoas no exercício da fé ao encontrar-se com aspectos do desconhecido, descendia da etnia Guató e encarnava um índio da Amazônia (logo atrás de são João, com uma estrela estendida nas mãos), considerado da linhagem dos Oxossi.

Aos prantos, no momento em que a procissão se apropriava das preces de Dona Carlinda, também chegou sua irmã, a tia de Pedro Paulo, trazendo-lhes a notícia de que o filho voltara a viver. Chorava também!

O milagre foi agradecido com a promessa de sete anos de festa para louvar e lavar o santo milagroso próximo às ladeiras do Porto Geral. E os sete anos já se completam 44, desde que o milagre aconteceu.

A família, que passava em frente à casa dos Macedo, vinha de Cuiabá e já não mora mais na vizinhança. Descendem de portugueses, como tantos outros que se instalaram nas regiões platinas e se miscigenaram com a população local.

Desde que Pedro Paulo voltou a viver, e que se entende por gente, participa e, agora, organiza a festa que já se tornou tradição na vizinhança.

Cada um se encarrega de algum ofício para a festa acontecer: montagem das barracas, bebidas, comidas, doces, danças (quadrilhas), enfim. Uma festa que é feita em conjunto, cada um levando uma parte, e que sempre dá certo.

Pelo menos uma vez no ano é certo que todos farão a sua parte para fazer valer a tradição.
Assim como São João Batista banhava os fiéis, e Jesus Cristo, nas águas do rio Jordão para batizá-los, assim os corumbaenses o fazem para reciclar suas fés.

Claro, regados a muita bebida!

Uma festa santa que inclui o mundo terreno, sem pudores, sem ter de esconder o lado humano para falar de uma santidade que só o humano teria a capacidade de criar.

Há dez anos Dona Carlinda se juntou aos seus ascendentes Guató e ainda a festa continua quente lá no bairro Monte Castelo “ali depois da subidinha”, me explicam os vizinhos. Pedro Paulo e sua família já se apropriaram da responsabilidade de fazê-la acontecer, com as preces no centro de umbanda que precedem a descida do santo até o Porto Geral.

Além da festa, a memória deste acontecimento extraordinário é cada ano ressignificada por todos que ali participam de alguma forma, mas o nome do arraial não muda: arraial da dona Carlinda, assim como tantos que Corumbá concentra como da dona Ivone, dona Titina, dona Cassilda, ...
Mulheres assim continuam a germinar sabedoria através do séculos e das gerações.

domingo, 28 de junho de 2009

navegando sem cais

Puta cena linda e só.
A luz se acabou e a banda continuou a tocar.
As pessoas se foram, os instrumentos estavam lá.
A esperança se perdeu, o mundo não parou de girar.
Considerou-se fadada a desaparecer, mas insistentes provaram que vale a pena viver bem perto dela.
"Vai sem paz, sem ter um porto, quase morto sem um cais (...) a solidão deixa o coração neste leva e traz".

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Encontro dos trilhos

Certo dia de euforia, assim como qualquer dia, os trilhos se cruzaram e começaram a navegar juntos seus caminhos.
O que buscavam? Não se sabia! Mas seus destinos seguiam.
A cada cinqüenta metros paravam e se perguntavam – “será que faz sentido? O norte está certo? Parece não ser esse o caminho?” – e em silêncio, continuavam seguindo o mapa que pouco se via pelo desgaste do papel.
Em metros e metros naturalmente se adaptavam a dúvida, como também a companhia do outro. Seguindo este ritmo, rumo ao norte em passos de dança e música, os trilhos se abraçaram, e se beijaram loucamente. Num piscar de olhos surge o inevitável, não se vê e não se entende, mas surge. Amor!
Maldita hora! O norte ainda não era definido no papel, a bússola que um deles ganhou quando criança ainda por cima não funciona direito, e agora, amor. Conflitante como a escolha do rumo certo a seguir, surge inquietamente entre e dentro de cada um.
E logo adiante, chuva! Corre, corre, corre! Sorte que logo ali se vê um abrigo, e pra lá foram, ensopados e perdidos, mas incrivelmente felizes.
Passando o sufoco da chuva, voltam os trilhos a percorrer o caminho, que começara então se tornar um só para ambos.
Como viajantes e tripulantes de um destino não sabido, com um norte falho, sujeito a qualquer interferência natural ou não em seu desfecho, seguem conscientes do inesperado. E por ai se vão, rumo ao norte.

(werther fioravanti, 26.6.09)

domingo, 7 de junho de 2009

sua voz???

Sua fala percorre cada canto da cidade... escreve um texto com cheiro de sangue, mais um objeto inventado... concretizado no instante em que me imagino... como memoria, como coisa que pulsa em meio de um ar pálido... asperas são minhas lembranças, o que dizem ser eu.
Pergunto-me, que voz é a minha??? a resposta sai como um som projetado, incorporado e vomitado... os ruídos são constantes, uma performance entre o jogo de espelho eu - outro. Não é simples se diferenciar... me invento como sujeito, inspirado por armas camufladas que joga entre as nervuras cotidianas, o sangue percorre meu braço, minha garganta sangra como sentido de ainda se ver como vivido...
Perguntam o que sou. Digo "um alguem que inventa seu caminho"...

domingo, 24 de maio de 2009

P.I.M.P.


Imagina uma banda japonesa de jazz com 5 integrantes e 1 mestre de cerimônia que se veste como um cafetão. Esse é o resumo da banda que se formou na noite de Toquio e foi pro mundo apresentando um som bem agressivo.


*Download: Pimp Master

Abç

sexta-feira, 22 de maio de 2009

"possível voz"

“possível voz” (16.05.09)
ao existir, permite a não existência, como desejo de saber mais de algo, sua vida (invenção imbricada pelo nada). A voz que sai é rouca, áspera e de conflito. Prossegue como sentido de morte (êxtase da imensidão finita), no sentido do ir e vir, da morte para a vida, da vida para a morte. Estou deitado abro e fecho os olhos. A voz continua vibrando, constrói (concretude maléfica) coágulos de sangue na garganta. O sangue sai. Sempre gostei de correr ao máximo no frio, e sentir o cheiro do sangue nas minhas narinas. Então eu corro. Paro, respiro, o suor esquenta o frio. Minha voz prossegue (sempre desajustada) como algo que invento, descentralizando o que chamaram de uno. Minha voz, esta que falo como pertence objetal (meu-eu), é como simples voz, quando a sutileza se mistura com o áspero (nem tanto) ar que respiro.

(Yan Chaparro)

segunda-feira, 11 de maio de 2009

"apreciações cotidianas" texto para o "sob passos"

“apreciações cotidianas” (06.05.09)

O sentido é ralo, pálido, até enganoso. Me corto, espero pelo suspense, o ira sair. Não sei, espero. me desintegro a cada passo plasmático, turvo, de ruídos conhecidos, ausentes, desconhecidos. Meu equilíbrio é mais uma ilusão que defino como vida. me despertenço, me pertenço ainda mais. Sou eu e o outro, sou aquilo que esta no espelho borrado. Meu lugar é como existência permanente, tento levá-lo no bolso. Respiro, ate ouço meu coração bater, me invento como possível. A morte se torna prazer. Prazer do que? Não sei. A carne revela um tempo consumido por alguém que passa. Tudo é delicado. O outro são correntes que passam fora. Meu corpo treme, não por frio, mas por não conhecer, ou conhecer demais. O fora é dentro.

domingo, 10 de maio de 2009

"sem nome"

Yan Chaparro
2009

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Ao acordar...

Fazer, fazer e fazer,
é obrigação, necessidade.
Essa alma de leve velocidade
caminha e caminha, na pena do dia,
sem medo nem agonia.
O que nela se esconde floresce de olhos abertos,
cílios armados, com água nos cantos.
Água limpa, transparente,
que fomenta suave anseio
de viver, viver e viver.

(werther fioravanti, 07.05.09)

segunda-feira, 4 de maio de 2009

"lugar nenhum"


autor: Yan Chaparro
foto: "lugar nenhum"
ano: 2008

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Rotina

Sabem falar da rotina.
Preocupam-se com banalidades,
e com urgências,
da mesma forma.
Mesmo "sem saída",
são sempre profundos.
Raramente preferem o silêncio
às desimportâncias.
(Raíssa R. B. Mendes)

terça-feira, 28 de abril de 2009

"estranho"


autor: Yan Chaparro
obra: "estranho"
ano: 2008

segunda-feira, 20 de abril de 2009

State of...


Eu lembro mais ou menos por volta de 97-98 quando Illmatic caiu nas minhas mãos. Já escutava algumas coisas de música, na coleção tinha nomes variados e estilos variados. Mas o álbum de debute do Nas foi determinante. Ele já tinha saido alguns anos, a k7 que eu tinha era gravada do cd que um amigo trouxera do Japão. Pra mim serviria só para andar de skate. Mas o som era penetrante, quando soube que o encarte tinha as letras, peguei o disco emprestado, peguei o dicionário e comecei a traduzir. Não fui muito longe, e não acreditava que alguém poderia fazer rap daquela maneira. Não foi como reconhecer um artista que ninguém tinha prestado atenção. Naquele momento o menino do Queens já era chamado pelos mcs da década de 80 como o novo da velha escola, aquele que trazia de volta a intensidade perdida.
O time de produção do álbum era de respeito. No começo desse ano numa entrevista, o Premier disse como foi bom participar do projeto. Como ouvir o beat inacabado do Q-tip fez com que ele voltasse a trabalhar na faixa Represente que já era tida como pronta, como ouvir o instrumental do Pete Rock fez com que ele voltasse pro laboratório e não saísse sem a minha favorita. O disco ainda tinha músicas assinadas por L.E.S. e Large Pro. Participação nas faixas, só uma, a do pai do mc que antes de se mudar para NY era influente jazzista em New Orleans. O trumpete caiu como uma luva em One Love. As letras hoje com mais propriedade posso falar sobre. O uso de metáforas deixa claro a influência de um vizinho do bairro que ensaiava em seu quintal, as letras não trazem a visão de um ou outro lado do Queens e sim de quem o observa de dentro. As drogas, polícia, filhos sem pais, maridos guardados... não parecem temas novos, mas nas letras do Nas ganharam novas direções. O mesmo disse que a idéia do disco não era tocar nas pistas e sim no seu bairro. Sabe como é, menino ingenuidade de menino de 19 anos. Só eu tenho comigo a versão brasileira, americana e de comemoração de 10 anos. E 15 anos depois do lançamento, o primeiro e único album de debute que atingiu 5 mics na pontuação da The Source continua sendo o clássico.
 


É isso!

quinta-feira, 16 de abril de 2009

DEFinition

My favorite mc! 

terça-feira, 14 de abril de 2009

Helen Levitt e os cristais do cotidiano

Este vídeo é feito de fotos da Helen Levitt, uma fotógrafa estadunidense (que nasceu e cresceu no Brooklin) bem conhecida por suas fotos tiradas nas ruas de Nova York.
Ela nasceu em 1913 e morreu no final do mês passado.
Vai aí uma pequena homenagem a esta artista que destacou o cotidiano...assim como o faz um dos integrantes do coletivo construção.. 
Pode nos ser uma inspiração (para artistas da dança, músicos, psicoterapeutas, pessoas que vivem neste mundo esquisito entremeado de informações dissonantes..)

"crime cotidiano"

O semblante pálido ou vivo da arte, sorri com os olhos de baixo, e diz suavemente que ela esta mais próxima do crime, não de muitas outras coisas que dizem ser ela ou esta perto dela.


Ela diz “sou como um crime”...

(Yan Leite Chaparro, 14.04.09)

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Da escada, o mar (continuação)

- Não consigo soltar o que me prende.
- Apenas puxe!
- Não estou falando da areia.
- Então a areia lhe segura o quê?
- Tenho uma sensação incômoda de insegurança em relação aos meus pés.
Sem tocá-los no chão, sentia a gravidade pesar sobre a planta e os dedos desmotivando-os a andar.
- A insegurança está na areia e não nos seus pés. Concentre-se. O mar está prestes a se quebrar.
- O que insiro do mundo em mim, ao mundo não volta. Estou trancada em meu próprio corpo.

aquela que se importa (tradução minha!)

Analogia explícita do regime econômico e político no qual vivemos, pode ser também metáfora de como nos relacionamos com o mundo e como se dão as relações sociais atualmente..ou sempre..
Bom vídeo!

O cubo como objeto imaginado: apreciações sobre “Cultura Bovina?”

"o cubo"

A imagem se aproxima de cada sentido atento para aquilo que remete a si e ao outro, a composição estética de algo que se move, que no contato com a atmosfera do que o envolve, permite sentidos lógicos, diacrônicos, dedutivos, que abre questionamentos, ao mesmo tempo que ao falar de um algo preciso, já impreciso por estar no mundo.
A imagem é de um objeto cubo, que esta no palco, e compõe uma proposta de não somente objeto cênico, mas de instalação, esta que com sua forma-conteúdo, é esquema estético, como uma artimanha de estar no palco, falar e sair.
Este objeto exibe-se como estado que engana, pois sua composição de forma, lembra algo estático, e também lembra algo que se movimenta, sendo assim, ele engana por estar ali somente, e exige para quem olha, indagar-se em relação ao um movimento próprio dele, que fecha, aprisiona e incomoda.
O engano do cubo é fundamental para entender o incomodo de uma peça simbólica (bailarina), em relação a este, pois a lógica de vontades, desejos e racionalidades, é ensaiada do resumo de uma relação delicada do objeto, com esta bailarina, e os outros (as) bailarinos (as) no palco.
Ao ver o cudo obedecendo cada encontro no palco, é possível estender uma conversa com ele, na tentativa de saber mais sobre este objeto, este elemento que acontece por si, e pela relação com os outros, ou melhor, pela composição do “entre” no entrelace de signos, na formação de um tecido em movimento no palco.
Mas porque este objeto como algo imaginado? Talvez pelo fato de que ele é lembrado sempre no instante em que a bailarina (dele, com ele), exibe um encontro, lembra dele ali, uma lembrança fantasiosa, pois somente para ela aquele quadrado exibe um significado de repressão, uma construção imaginativa que a aprisiona, os outros reconhecem a existência do quadrado, não olha, talvez por medo, ou por exigência de construí-lo, pois eles sabem que também são elementos concretos que posiciona o quadrado ali, mas este posicionamento acontece pela relação imaginativa que um símbolo constrói ao quadrado. Chego lembrar do posicionamento esquizóide de Deleuze e Guattari, quando discute o sujeito na sociedade capitalista.
Por que este objeto não é quebrado? Que força ele tem?
Quando lembro deste objeto, como fenômeno imaginado, ao mesmo instante lembro que são cinco bailarinos (as), um que significa a linha de dor que passa por todo o espetáculo, e os outros quatro (três poderes e a que esta com o cubo) que compõe, permite vida e movimento ao objeto, e no final tudo parece se reduzir no e ao objeto, nas confluências de poder. Este é um espetáculo que desvenda constituições criticas intermináveis, talvez por isso que esta vivo há um bom tempo. Mas pergunto que dor é esta? Quem constrói esta dor? E o que pode ser feito desta dor?
Para terminar este texto, que são apreciações iniciais sobre este objeto no espetáculo “Cultura Bovina?”, lembro que a composição do poder nas aparelhagens interligadas sociais (como sistema), se forma e se movimenta no “entre”, não esta em um ou no outro, mas no entre as forças do cotidiano, e é alimentada neste entre, no diálogo constante de forças, desejos e crenças.
Talvez o cubo já esta sendo quebrado, por uma margem particular, uma inversão da hierarquias de poder, como uma possível voz, uma outra posição que não respeita, resiste e joga.


(Yan Leite Chaparro, 12.03.2009)

sexta-feira, 3 de abril de 2009

prematuro

Em algum momento instante sinto,
É feliz!
Quem sabe é.
Não vejo,
Mas entendo tal lamento
Mesmo sendo infantil

Interpretando enfim
Moedas de menos valor,
Acariciando sim
O que se estende.
Mas não,
Não mente.

É de pensar,
Questionar sem tanto teor,
Para aguçar
Sentimentos límpidos
“Reais”,
Sem pudor.

terça-feira, 31 de março de 2009

linha de tempo

Hoje,
dia bom para escrever,
nascer,
sobreviver,
gritar,
sufocar,
cantar...

Ontem,
dia bom para lembrar,
esquecer,
entristecer,
alegrar,
deixar,
dormir...

Amanhã,
dia bom para querer,
sonhar,
pensar,
rolar,
crescer,
enlouquecer...

O agora,
o instante,
distante,
presente,
ardente,
sufocante,
intrigante prazer...

segunda-feira, 30 de março de 2009

"cinismo"

autor: Yan Chaparro
foto: "cinismo"
ano:2008

“o cinismo me lembra a luta, me posiciono, seguro minhas armas que estão em meus bolsos, e assim procuro inverter o que encaro. minha carne inspira cada odor de violência, dos homicídios invisíveis que me fazem filho de uma luta antiga, quando a dor esta no “entre” de cada posição ordinária, que inventa um outro comum como estranho, sem vida. eu tenho vida. cada passo exibe a compreensão dos estados de coisas que me envolve, derrama sangue por eu estar aqui. a luta é cada dia, pra reconhecer a si mesmo, em meio da sua própria tragédia, da tragédia histórica em que meus passos caminham sob e sobre. ouço a cada dia, que me inventaram desse jeito de plástico, deste sorriso irônico. sei que escondem alguma coisa de mim, para eu não me tornar sujeito, mas sim objeto pálido, como os suspiros de hoje. então vou lutando como um cão (cinismo), um sem raça de nobreza, e em cada olhar aprecio que minha luta esta no meio de tudo que sinto, esta como expressão estratégica, quando são explodidos os alicerces da beleza construída como vida. não a minha.”

(Yan Leite Chaparro, 30.03.2009)

terça-feira, 24 de março de 2009

Entre irmãos


Parteum: Meu avô, quando foi registrar meu pai, não botou sobrenome nele, porque a maioria dos negros no Brasil carregam o sobrenome do senhor de terras. Por intermédio de um tio, cheguei na fazenda onde os meus antepassados trabalharam, em Dois Córregos, interior de São Paulo. Por causa do meu avô, já nascemos livres.

Duas gerações
dois estilos de ritmo e poesia
dois irmãos

Entrevista interessante da revista +Soma, com Rappin' Hood e Parteum.

Ponto de Vista

O
ARTISTA
É
NARCISO
EMBASBACADO
ANTE
SEU
DESEJO
DE
SE
MOSTRAR.

segunda-feira, 23 de março de 2009

...

Corpo, movimento, cognição, entendimento
Na mente em corpo
Que simples move, se move
E é movido
Preciso de tempo
E a respiração cria espaço que já não havia entre pele, osso e inebriedades
Prenso com peso
Dentes são espécies de armas contra o entendimento
Em cadeias lineares e de fina sutileza pontiaguda
Quisera entorno de ressentimento
Fim do fim em constante movimento
Sentimento e desespero
Cinética estátil
Linear em curvas de olhos que já mais vêem entre
Se guia pelas mãos
Com dedos entrelaçados em si, entre si
Entre mim e o súbito
Entre aqui e o foi embora

quinta-feira, 5 de março de 2009

Ya no sé qué hacer conmigo

Além da letra, a construção de imagens do clipe é muito legal.
Me identifico com ambos.
Por estas bandas da vida, como se pudesse ser algo além de mim mesma e esse mim pudesse ser manipulado por mim outra que me observo de fora, gostaria de sair e me deixar banhando, até que me despisse de toda a sugeira que armazenei até hoje


domingo, 1 de março de 2009

“eu-outro (espelho): dizeres sobre o eu”


autor: Yan Chaparro
obra: "estado de diluição (alívio-dor)"
tamanho: 70x60
ano: 2008


A carne de um outro é costurada, se costura na pele de quem fala (minha), o sangue de um e do outro, se misturam em meio de forças de desejo de estar, e de ambigüidades de fugir, o sangue se confunde nos rasgos delicados feitos pelo o pêlo que se intercala no estado irônico de prazer, em cada pulsão sugerida na possibilidade dos poros da minha epiderme. A dor é real.
O sarcasmo exibido pelo tempo nas linhas que contornam, dão forma e preenchem na brutalidade do instante do asfalto, também é costurada e se costura, na pasta frágil de cada ruga branca da sola dos meus pés, este coberto pela borracha do carro, e do meu sapato. Então na artimanha de sobreviver, o asfalto exige uma costura temporal, e no instante que faz um acerto com a borracha, a dribla, e passa sua linha áspera por cada poro da minha pele escondida, do meu pé quase falso.
Uma costura se forma, exibindo na sua composição poética, a narrativa de algo que envolve, e é envolvido pelo que esta envolta, e na precisão contorcida (quando tenta suspirar, ou enganar que está vivo), como movimento desintegrado (entrelace de dor, prazer, imprecisão e risos), tece um diálogo delicado, denso pelo estado de viver, e aquilo que envolve o que esta envolvido, é mantido (em movimento) como figura que escorre ao outro, de outro a um, então fica tudo imbricado em uma mesma composição de substâncias que se diferem, se encontram, trocam, e se modificam. Quando o corpo exibe o seu passo no mundo, ele já é este mundo também.
O eu são estalos sussurrantes que na medida que fala de um outro, reconhece que este outro é ele mesmo, talvez com uma cara diferente, mas a necessidade de identificação projetiva com este outro, já exibe explicitamente que este outro falado pelo eu (sua posição no mundo), é muito, ou quase todo o eu. Quando este eu se coloca à pensar o ambiente e a paisagem urbana em que vive. O sangue é o elemento conflitante para poder compreender onde esta o limite do que é fantasia e realidade. Cada substância vermelha que sai do outro, do eu, é o vomito amargo de morte e vida, como sugestão de que algo acontece, simplesmente acontece. Penso como sinceridade duvidosa, que a barreira da fantasia e do real, é insistente, pois é estado de movimento, de diálogo, de encontro, como a percepção traumática e de alivio quando eu me encontro em movimento no mundo (de sangue, suor, idéias, apelos e risos), e observo que meu caminhar junto ao outro (eu mesmo – ele) acontece no instante do entre (fantasia – real), um entre confuso, sem precisão, que caminha na sua solida desconstrução.
O entre que falo, que é postura de idéias do eu quando olha o outro em estado de sangue e pasta no chão. É um entre de contorções de sentidos, de idéias, de percepções e de paixões. Entre que é um lugar, estado de movimento, lugar parecido quando o eu percebe a relação - outro, sua relação - mundo, e sua idéia de fantasia – real. Então o entre é este lugar existente no diálogo, movimento de se perceber juto ao outro, sendo este também.
O eu aqui é um alguém comum, que ao perceber o outro (no instante de loucura), compreende que sua percepção acontece por reconhecer neste outro o eu também. E assim observa feliz e infeliz que seu corpo (o todo carne-alma), não se separa do mundo, também é este mundo, e que o interno não é tão interno, e o externo não é tão externo.
Fica o eu, o outro, o espelho, e a idéia de saber do outro quando lembro do espelho que não sai da minha frente. E uma outra coisa fica, fica a necessidade de falar sobre a violência, não uma violência que esta no sangue que escorre da boca amarga de quem apanha, mas uma violência delicada que traz para sua poética de caminhar ao e no cotidiano, o semblante pálido, de ausência, cisão com o próprio corpo, e conseqüentemente com o que o envolve.
O eu ao se deparam com o outro, recebe tapa bem dado, cai lagrima, mas sabe que esta vivo. E agora este eu se incomoda e grita para os outros corpos, que parecem zumbis, corpos que vestem de gravatas, saias, camisetas, sapatos e sandálias, mas que faz do seu caminhar o não sentido do próprio corpo e do outro, construindo do cotidiano, a precariedade do banal, rarefeito indigesto, que faz da ausência de si ao e com o outro, a violência cotidiana.
E ao pensar sobre esta violência, o eu, lembra de um passado, e o riso é espantoso para si, o incomoda. Riso que é seguido de um pensamento particular, existente no tesão de ter solucionado um problema. O eu pensa o seguinte “que é por causa desta violência de linhas e conteúdos pálidos, de cisão com o eu-outro, que o gato foi assassinado, quem estava no carro não se via (seu sangue), então não podia ver o outro, e talvez por isso que o gato se matou, por não agüentar mais ver muitos de si (outro), sendo mortos por causa da ausência, de gritos escondidos”.



(Yan Leite Chaparro, 27.02.2009)

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

calma

O maior problema
é realmente achar que conheço,
e que apesar de me apressar
não chego a superar suave desespero!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

"onze dias"

autor: Yan Chaparro
obra: "onze dia" (foto do terceiro dia)
ano:2008
texto:
morre, agora é empecilho, ou era antes? fica imóvel, ou se move mais que antes? é estado de dizer, grita mesmo, ironiza o lugar onde morreu, toma vida depois de uma fotografia, quando é inventado um sentido de vida depois de sua morte, significa o desprezo, a melodia sarcástica e nostálgica de progredir.
o gato esta na rua, estático, enfrente de uma loja de carros, ao lado do templo comercial dos nossos gostos, dias e prazeres. o gato sorri, não não, é o dente dele esmagado no chão. e tudo passa.
o gato insinua algo, lembra que já foi amigo de alguém, dele mesmo talvez, e que não tem nada ver se os animais sem pelo (quase), constroem e constroem, falam e falam, e se masturbam por causa do tal crescimento, progresso, desenvolvimento. o que o gato diria? não sei, não deu tempo para ele falar, mas ele sorriu.
o impacto foi grande, ouvi o barulho, depois de mais cinco carros passarem pelo mesmo gato (por que não procuraram outros?), parei, fiquei do lado dele, e resolvi tirar um foto, acho que o sorriso dele me atraiu, a ironia estava estampada (a morte era a vida do asfalto). e por Onze dias, as 11:00 da manhã, fui até este gato e tirava uma foto do mesmo ângulo. então o gato durou onze dias pós morte, estando vivo para o asfalto. pergunto será que o asfalto chorou pelo gato, eles eram tão íntimos.
move, se move, e é movido... o gato esta assim, por um ato de assassinato ele diz, fala que alguma coisa não esta legal na tal cidade, deste imaginário que movimenta a cidade na latência de desejos engraçados.
as vezes fico imaginando que ele se suicidou, não foi morto, mas ele quis se jogar no para choque daquele carro, pois não agüentava mais viver, estava cheio destes benefícios bancários que chamamos de vida. talvez ele estava bêbado, talvez ele era um artista, talvez estava fugindo de uma briga, ou talvez tinha acabado um relacionamento e sofria pela amada.
o gato se foi, mas penso que ele agora esta mais vivo, onze dias, eita gato forte, depois de morrer durou mais onze dias, sou fã deste gato, morreu por uma causa política, histórica, cultural, ambiental, do amor. será que este gato era um extremista, um radical, de esquerda, que lutava contra os carros? também não sei disso.
depois disso caminhei pela cidade constatando, como investigador criminal, e espiritualista também, quantos outros companheiros deste havia na cidade, e quando encontrava, parava esperava a noite, e colocava uma cruz ao lado dele, não que eu seja católico, nem creio em deus, mas foi um sinal de respeito que arrumei para dizer, mas quando no outro dia eu passava por lá, a cruzes tinham sumido, mas os gatos estavam lá, sei lá, vai saber pensavam que a cruz era macumba (talvez era). e tenho fotos que comprovam isso, e uma testemunha que tirava as fotos. acompanhei esta missão deles que ainda continua, e aos poucos fui percebendo que não era só gatos, mas pássaros também, cachorros, quatis, e outros, então hoje imagino quase certamente, que os animais possuem um grupo extremista, muito bem embasado teoricamente e com uma pratica radical (de suicídio), que se matam como expressão de questionar, indagar, e mandar se foder este outro animal (ser humano), e seus adereços fálicos (os carros, motos e outros).
hoje tenho quase certeza que este gato fazia parte deste grupo, que era um militante dos onze dias, um estudioso da questão ambiental (da cidade, do cotidiano, da subjetividade e da violência). um dia encontro este gato, pois sei que ele olhou para mim antes do seu ato, talvez por isso eu o percebi.

(Yan Leite Chaparro, 13.02.09)

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

eu

eu

música werher fioravanti

letra dagma reis

2009

ai.. primeiro estudo...

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

sopro passado

São apenas pedaços de miséria
entretidos nas almas do passado,
onde não havia perdão!

Dilla Day


Later!

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Urbe



Videodança..primeira versão, sujeita a modificações, refilmagens, nova estrutura narrativa, etc...
O que acham??

"relembrando uma morte"

foto: Yan Chaparro
...o pássaro toma forma de morte (não por, e não dele), é assassinado, lembrado como estado de coisa sem sujeito, empecilho, admiração banal, vômito soberbo daquele que faz do passo a sua própria insegurança de riso amargo, inútil como a própria vida, não do outro, sua.
você não chora, nem ri, não fala nada, fica cuspindo para cada lado que te incomoda, sua própria sombra. grita e grita e grita e tenta respirar, não consegue, continua gritando para longe, para a sua própria euforia, desespero sem amparo, sem medo, sem cor, sem lugar algum. fala fala fala fala ao espelho, sua fala não chega a lugar algum, também o que sai da sua boca doente é só indigestão para si. vendo daqui, você é engraçado, cômico, manipulável.
sem graça, pálida é sua face, seu desespero é consumido por você, na verdade tudo é uma brincadeira de se consumir, como desejo perverso, quando se pisa, e faz do seu pisar sua mentira constante, de explicações banais, como quando é dito para enganar quem mesmo diz... você parece um criança que precisa se justiçar para todos, para pensar que existe... viu sua existência não é sua, na verdade é o que o outro quer...

(Yan Leite Chaparro, 07.02.09)

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Manhã

werther fioravanti

2008

entre tempos e manhãs

Tempo se faz de horas e minutos vividos em meio segundos destorcidos pela suave brisa da necessidade de se entender. Em passo lento acompanha a evolução do pensamento que, em suas entranhas chega a conclusão de que tempo traz rugas, e que rugas são bem vindas. Ao julgar tempos passados, vislumbram-se pedaços de horas e minutos que se aglomeram formando um espetacular filme de desconhecimentos, mas que com auxílio de tempo moldam sua sobrevivência.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

eu-outro (espelho)


Autor: Yan Chaparro.
Obra: eu-outro (espelho).
Material: papel A3, giz pastel, tinta aquarela.
Ano: 2008

Frase no papel: “o sentido se move no instante do outro, no eu, em Borges”

Texto: "A possibilidade do eu acontece na relação com o outro, não algo distante, mas que corre e corta todos os poros da carne do eu que caminha. O encontro é distinto da suavidade. É delicado, áspero, delicado e enganoso, por ser muito representativo do eu. É como perceber a morte, e suspirar na sua composição de ser vivo, quando a necessidade de se pensar em um estado de sempre distante, acontece por este algo estar muito próximo.
A segurança é como uma ilusão, composição semelhante ou a mesma a cada passo de estar (imaginar) como vivo."
(Yan Leite Chaparro, 02.02.2009)

Back on Earth


David Byrne, Tom Waits, Seu Jorge, Sizzla, Kanye West... são algumas das atrações do disco "The Spirit of Apollo" produzido pelo projeto N.A.S.A (North America South America), capitaneado pelo nova-iorquino Squeak E. e pelo paulistano Zegon. Ao todo são 17 faixas bem suingadas, cheias de samples do funk americano e do rico cenário nacional dos anos 70 e parcerias bem inusitadas como no caso do líder do Talking Heads, David Byrne, trabalhando ao lado do Chali 2na, ex-Jurassic 5. Foram longos dois anos de trabalho, vários canos (compreensível para um número tão grande de colaboradores) e várias sessões de estúdio. O disco ainda conta com a participação única de Ol' Dirty Bastard na faixa Strange Enough gravada duas semanas antes do integrante do Wu-Tang falecer. O lançamento do disco está previsto para o dia 17 desse mês e deve acompanhar de um DVD contendo um documentário sobre o projeto e clipes com roteiros de Spike Jonze (o mesmo diretor do clássico Sabotage dos Beastie Boys e do filme Quero ser John Malckovich) e direção de Syd Garon. Alguns já são possíveis de serem assistidos no YouTube.com. Não cabe um rótulo para o resultado. 




Abs!

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Da escada, o mar


As duas desciam rapidamente as escadas feitas de pedras, terra de um marrom escuro e pequenas gramíneas. 
Uma delas vascilou entre um degrau e outro. Sabia que não estavam indo no sentido correto.
No final (ou no início) não havia nada além de areia: prefácio de um mar razo, claro, sem sal..
Sentia que a qualquer momento aquele quase lago mostraria sua ira sobrehumana e aí seria tarde demais para procurar qualquer saída. Os degraus eram muitos para proporcionar uma fuga ligeira.
Mas era isso o que ele queria.
Pensava que havia sido muito ingênua em se deixar levar por um pedido póstumo do amante de sua irmã. Em vez de ajudá-la, estaria levando-a para o fim de sua linha tenra que poderia, porém, significar o reencontro com o desconhecido mais recorrente de suas lembranças amorosas. 

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Bossa

Só lembrando que amanhã (30/01) voltam as sextas de Bossa no bar da Valu com o Werther e o Buda. A Valu é entre a Rui Barbosa e a rua da Imprensa e o som rola a partir das 21h e alguma coisa.
.