segunda-feira, 16 de maio de 2011

fragmentodo

Manequinho me inspirou.
Me tirou do eixo e me trouxe de volta.
Os redemoinhos são esses aí:


O fragmento dura até o alcance de um objetivo, mas a vida dura mais e engloba mais do que algumas metas e está além de qualquer controle. Narrativa acaba, mas vida insiste em seguir. Alcançada uma meta, parte-se para outra, mediada ou não por intervalos de preparação, descanso, vazio, obsessão. Como se a vida só fizesse sentido em experimentação porque o sentido que a antecipa já não encanta nem sacia mais. Posso fazer o que eu quiser, mas tem algumas combinações que podem não dar certo e, por mais que não seja linear nem causal, alguns fatos de agora podem desandar toda a narrativa depois. Porque tem coisas que a gente não esquece. O artesanato constante fica no fazer molduras. Mas a moldura nem sempre alcança tudo o que a gente quer, ou alcança mais do que a gente gostaria, e o um fica parecendo dois, porque a gente também está além de qualquer controle de si sobre si mesmo como o outro sobre si e o si a partir do outro. Ao mesmo tempo em que é fluxo é subjugação em jogos de espelho e repulsão. E há influências. Porque as porteiras não fecham nunca.



“Porém a nós, a nós sem dúvida – resta falar dos fragmentos do homem fragmentado, que perdendo suas crenças perdeu sua unidade interior. É dever dos poetas de hoje falar de tudo que sobrou das ruínas (...) E, se alguma alteração tem sofrido a minha poesia é a de tornar-se, em cada livro, mais fragmentária. Mais obtida por escombros. Sendo assim, cada vez mais o aproveitamento dos materiais e passarinhos de uma demolição.” (Manoel de Barros, Gramática expositiva do chão – poesia quase toda, 1990 apud O meio é a mestiçagem, 2009)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Cálice

O mc paulistano Criolo Doido presta homenagem à dois gigantes da música brasileira...

terça-feira, 27 de julho de 2010

"narrativas subsequentes"


"quase"
2011


Quase coisa são estalos singelos de denominamos como realidade, o fio perceptivo que tece cada sentido do meu, do seu e do passo de qualquer um. Quase é movimento, perfuração visceral, ressonâncias que sobrevivem, declara o que envolve, o que já faz parte sem querer. O menino solta uma pipa imaginada, sorri, relata o possível, a ironia do invisível. O menino debocha, declara guerra ao absoluto e indaga o obvio como contrapartida ao próprio sorriso.

terça-feira, 27 de abril de 2010

CONVITE



ARIANO SUASSUNA EM CAMPO GRANDE - 12 E 13 DE MAIO DE 2010 - 19h - ARMAZÉM CULTURAL.

Regulamento para inscrições de poesia, no site da UBE, ou na sede da UBE.

segunda-feira, 1 de março de 2010

pouco do corpo

Pouco do corpo são as guerras, o sangue no deleito de algum final de dia, quando o sono é o alivio. Pouco do corpo é sombra que lembra movimentos antigos, imagens que parece este mesmo corpo que ensaiamos como nosso, como uma abstração que tenta nos guardar no mundo. Pouco do corpo são as dores que temos e imaginamos estar aqui dentro, ou fora quando é possível dançar. Pouco corpo é correr para sentir o gosto do próprio sangue na boca, é deitar pensando que o céu esta perto. Pois quem inventou o corpo como corpo que não é só corpo, não sei. O corpo, ou pouco dele, parece as emendas canibalistas que seguram as linhas das costuras errôneas chamada mundo. Pouco do corpo, é pouco das invenções que dizem ser pensamentos que contorna o que diz ser, existir assim. Pouco do corpo é algum salto que tem no chão seu inicio e seu final. Pouco do corpo é conhecer o chão e o ar que comprimi o alivio de ser pouco do corpo. Pouco do corpo, pouco, só pouco é possível ser alguma coisa não fora do corpo, mas corpo que faz de lagrimas desenhos que alguns corpos dizem dança, ou corpo que é voz, visível e invisível. Pouco do corpo é ter pena do corpo, pois ele é só corpo, nada mais. Pouco do corpo, não é riso que roda sem parar, pode também ser, mas um dia o pouco do corpo não será mais pouco, pois pouco não é o corpo, é insanidade do mesmo, do estranho corpo que tentamos ser como corpo, pois damos e desdamos sutilezas de contornos ao corpo. Pouco do corpo é muito mais perto do dialogo do sangue com o ar abstrato que faz do meu corpo o que não sei. Pouco do corpo são meus pés tentando pisar o mesmo chão que meu corpo sempre nega.


Yan Chaparro - 20.02.2010

domingo, 7 de fevereiro de 2010

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

"passos subsequentes"

"passos subsequentes"
Yan Chaparro
2007


"ele atirou no menino, e até sorriu"




segunda-feira, 23 de novembro de 2009


Esqueci Como Poetar



Quando
Na outrora dos tempos
Me achava um poeta
Nada eu escrevia
Hoje
Quando escrevo
Parece de mim escapar
Todo furor
De se fazer poesia.

(William I. C. Souza)

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Triunfo


O cd vem num envelope feito a mão com a arte carimbada de um lado e do outro a lista das 25 músicas da mixtape (gravada em cd-r) entitulado “Pra quem já mordeu um cachorro por comida até que cheguei longe“. O trabalho manufaturado do Emicida mc paulistano de 21 anos pode de cara até parecer amador, mas o fato é que de mão em mão já foram distribuídas mais de duas mil cópias, dois reais pegando da mão do artista e cinco via correio. A experiência já tinha sido testada por ele um ano atrás quando disponibilizou 300 cópias de seu single Triunfo o qual ganhou recentemente um clipe. O grande destaque nas batalhas de improviso deram a Leandro a alcunha de Emicida, aquele que “assassina“ mcs (logo se tornou uma sigla E.M.I.C.I.D.A. – Enquanto Minha Imaginação Compuser Insanidades Domino a Arte), videos de seus duelos ajudaram a difundir seu nome, hoje no Youtube.com encontra-se várias amostras de seu domínio sobre adversários, alguns vídeos com mais de 200.000 acessos. Então chegamos a um ponto interessante do mundo do rap: improvisar x compor. Muitos não conseguem conciliar as duas coisas ou não conseguem provar que sabem fazer as duas coisas. Uma outra questão interessante de se ver aqui é que são poucos os mcs conhecidos pelo improviso que sentem a necessidade de registrar algo. Nesse caso o trunfo do Emicida são as 25 faixas vendidas a singelos 2 reais. Não vou mentir dizendo que se tratam de 25 boas faixas, mas posso assegurar que 15 delas estão bem acima da média. As participações ficaram mais nas produções dos beats e nos instrumentos tocados, nas rimas os únicos participantes foram Rashid e Criolo Doido economicamente registrados no mesmo samba-rap sobre a tal cerimônia do freestyle. O conteúdo das letras passam por diversos temas bem conhecidos dentro do gênero. Rua, bairrismo, amizade, problemas sociais, o rap em si, relacionamentos… o interessante é que pelas perspectivas de Emicida o deixa próximo de ser o elo que faltava entre a velha e nova escola. Nem tão sensacionalista quanto Racionais nem tão acadêmico quanto Mzuri Sana. É claro o abismo entre geração que batucava lata na estação de metrô São Bento e a geração que tem a internet como uma das mais fortes fontes de informação. O Emicida consegue ser um fenômeno da internet e mesmo assim transpirar a essência da rua. Coisa de poucos... 


quarta-feira, 12 de agosto de 2009

terça-feira, 11 de agosto de 2009

"No passo e no tempo"

_______

Como pensamento, sou vago, profundo, indiscreto, imperfeito,
assim como os dos alheios que conheço.
Teimo em ser como sou, mesmo não o querendo,
pois no final faz valer a pena.
E a quem diga que não. E quem não diria?
O corpo, na maioria das vezes pede um carinho apenas,
nada a mais do que não seja necessário
para sintonia das notas que formam meu soneto.
E os tons produzidos pelas notas vacilam e oscilam
entre harmônicas e singulares partes de um ser em busca de um eixo.
Ser convalescente de uma transformação não necessária,
mas natural de uma existência.
A mudança natural dos hábitos, rotina e apegos,
são nada mais do que reflexos desapercebidos
da necessidade de se adaptar ao meio.
O que leva a uma mudança constante
e interna dos sentimentos, vontades e desejos.
Leva a crer por final,
que mal se conhece aquele que não se permite mudar!

..... é isso apenas, algumas palavras..

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Chinoiseries


O trabalho feito pelo produtor francês Onra, é bem semelhante ao que Madlib fez alguns anos atrás pesquisando trilhas de filmes indianos. Onra construiu 32 faixas com samples de músicas vietnamitas. O resultado é impressionante, repleto de samples psicodélicos com vocais, chiados e timbres distorcidos dando aos pequenos beats um clima bem obscuro. Acredito que os discos coletados pelo produtor nos sebos de Saigon deram um ótimo investimento.

Download: Chinoiseries

segunda-feira, 27 de julho de 2009

movimento de vertigem - 24.07.09

foto: "instante"
2008


Meus olhos ainda lembram a proximidade com o chão daquela manhã, meu corpo ficou dias dolorido, mas sentia que tinha comigo um troféu, aquele esparadrapo encima do meu olho ficava como uniforme de aventura, junto com minha regata do Mikey.
Eu corri e corri, precisava chegar primeiro em casa, meus obstáculos eram duas ruas inclinadas que davam em casa, e meu chinelo que estava arrebentado. Eu tinha seis anos, e corrida era contra eu mesmo, ou melhor, o campeonato de corrida que imaginava. Meu corpo se comportava como de um atleta desengonçado, meu peito inclinado, minhas mãos que ganhava o ar, e minha boca que pronunciava um narração eufórica da vitoria, que ainda não sabia ser minha, tinham dois na minha frente.
Sozinho para quem me via de fora, e entre muitos e uma mata fechada para quem me via de dentro, corria desesperado, não sabendo se falava ou respirava. Estava perto da esquina, no meio de percurso, já avistava minha casa na outra esquina. Acelero o passo, e a imagem da minha casa é trocada pelo do asfalto. Meu chinelo arrebenta de vez, sou traído pelo meu equipamento de corrida. Lembro que fiquei parado olhando o horizonte entre o asfalto e minha casa. Pensei “estou em uma corrida, não posso parar”. Todos os outros corredores passam na minha frente.
Eu levantei joguei meu chinelo fora, e descalço caminhei até minha casa. O sangue escorria na minha cara, o corte foi profundo. Cheguei em casa e fui recebido pela minha mãe, ela olhou assustada e eu ri, estava feliz por completar a prova, ainda mais sangrando, tinha as coisas que meu time o Corinthians tinha também, pelo menos era o que meu pai dizia, e eu só acreditava, ele era meu pai.
Minha mãe desesperada venho em minha direção, quando ela encostou no meu supercílio, voltei a realidade, uma puta dor se apossou da minha cabeça, então chorei e chorei, minha camiseta esta cheio de sangue (para mim era cheio), sentei no chão, minha cachorra nina, uma vira-lata, veio, acho que tentando me ajudar. E me levaram direto para o posto de saúde do bairro. Levei seis pontos, gazes e esparadrapo faziam parte do rosto agora, era bonito e feio, heróico e dolorido. Tenho uma foto comigo, com o esparadrapo e a camiseta do Mikey, comendo melancia com mão (sempre gostei disso), e um sorrido de lembrança vem até meu rosto com 24 anos hoje.
Passando cinco anos, meu irmão também cortou o supercílio, no meu lado do rosto, com seis pontos, com seis anos. Mas dele, uma gangorra o acertou. Deve ser coisa de família isso.

Encontro



Hoje,

Dia do contato!

Da referência de viver e ser vivido,

apenas para sentir o prazer de estar presente!

E, assim, de corpo e alma se encontram.

Masturbam-se em sintonia do acaso,

sangue da mesma carne.

Retornam, então, ao lar inconsciente,

constante da ausência daquilo que faz e não faz falta.

Descaso de um passado entregue ao destino.

A cada recomeço inesperado resolvem,

envolvem e dissolvem a carência permanente.

Carinhos de abraço, ausentes do descaso,

com forte apego beijam a pele, entregam-se.

Nada se perde, tudo se encontra!

E percebem, ao pouco que segue,

que viva!... não adormeça!

Diante da fraqueza,

supere, entregue de pura beleza a verdade.

Mesmo que apenas uma vez! Uma única! Seja!

(werther fioravanti, 2009)

domingo, 26 de julho de 2009

Wave

Homenagem ao Tom Jobim maior compositor da música (não só) brasileira. No video dj Pg (Elo da Corrente/Mamelo Sound), Máquinado (grupo captaneado por Lúcio Maia da Nação Zumbi) e Danilo Caymmi. Video exibido pelo programa Mosaicos Musicais da tv Cultura.


Sujo!