quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

calma

O maior problema
é realmente achar que conheço,
e que apesar de me apressar
não chego a superar suave desespero!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

"onze dias"

autor: Yan Chaparro
obra: "onze dia" (foto do terceiro dia)
ano:2008
texto:
morre, agora é empecilho, ou era antes? fica imóvel, ou se move mais que antes? é estado de dizer, grita mesmo, ironiza o lugar onde morreu, toma vida depois de uma fotografia, quando é inventado um sentido de vida depois de sua morte, significa o desprezo, a melodia sarcástica e nostálgica de progredir.
o gato esta na rua, estático, enfrente de uma loja de carros, ao lado do templo comercial dos nossos gostos, dias e prazeres. o gato sorri, não não, é o dente dele esmagado no chão. e tudo passa.
o gato insinua algo, lembra que já foi amigo de alguém, dele mesmo talvez, e que não tem nada ver se os animais sem pelo (quase), constroem e constroem, falam e falam, e se masturbam por causa do tal crescimento, progresso, desenvolvimento. o que o gato diria? não sei, não deu tempo para ele falar, mas ele sorriu.
o impacto foi grande, ouvi o barulho, depois de mais cinco carros passarem pelo mesmo gato (por que não procuraram outros?), parei, fiquei do lado dele, e resolvi tirar um foto, acho que o sorriso dele me atraiu, a ironia estava estampada (a morte era a vida do asfalto). e por Onze dias, as 11:00 da manhã, fui até este gato e tirava uma foto do mesmo ângulo. então o gato durou onze dias pós morte, estando vivo para o asfalto. pergunto será que o asfalto chorou pelo gato, eles eram tão íntimos.
move, se move, e é movido... o gato esta assim, por um ato de assassinato ele diz, fala que alguma coisa não esta legal na tal cidade, deste imaginário que movimenta a cidade na latência de desejos engraçados.
as vezes fico imaginando que ele se suicidou, não foi morto, mas ele quis se jogar no para choque daquele carro, pois não agüentava mais viver, estava cheio destes benefícios bancários que chamamos de vida. talvez ele estava bêbado, talvez ele era um artista, talvez estava fugindo de uma briga, ou talvez tinha acabado um relacionamento e sofria pela amada.
o gato se foi, mas penso que ele agora esta mais vivo, onze dias, eita gato forte, depois de morrer durou mais onze dias, sou fã deste gato, morreu por uma causa política, histórica, cultural, ambiental, do amor. será que este gato era um extremista, um radical, de esquerda, que lutava contra os carros? também não sei disso.
depois disso caminhei pela cidade constatando, como investigador criminal, e espiritualista também, quantos outros companheiros deste havia na cidade, e quando encontrava, parava esperava a noite, e colocava uma cruz ao lado dele, não que eu seja católico, nem creio em deus, mas foi um sinal de respeito que arrumei para dizer, mas quando no outro dia eu passava por lá, a cruzes tinham sumido, mas os gatos estavam lá, sei lá, vai saber pensavam que a cruz era macumba (talvez era). e tenho fotos que comprovam isso, e uma testemunha que tirava as fotos. acompanhei esta missão deles que ainda continua, e aos poucos fui percebendo que não era só gatos, mas pássaros também, cachorros, quatis, e outros, então hoje imagino quase certamente, que os animais possuem um grupo extremista, muito bem embasado teoricamente e com uma pratica radical (de suicídio), que se matam como expressão de questionar, indagar, e mandar se foder este outro animal (ser humano), e seus adereços fálicos (os carros, motos e outros).
hoje tenho quase certeza que este gato fazia parte deste grupo, que era um militante dos onze dias, um estudioso da questão ambiental (da cidade, do cotidiano, da subjetividade e da violência). um dia encontro este gato, pois sei que ele olhou para mim antes do seu ato, talvez por isso eu o percebi.

(Yan Leite Chaparro, 13.02.09)

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

eu

eu

música werher fioravanti

letra dagma reis

2009

ai.. primeiro estudo...

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

sopro passado

São apenas pedaços de miséria
entretidos nas almas do passado,
onde não havia perdão!

Dilla Day


Later!

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Urbe



Videodança..primeira versão, sujeita a modificações, refilmagens, nova estrutura narrativa, etc...
O que acham??

"relembrando uma morte"

foto: Yan Chaparro
...o pássaro toma forma de morte (não por, e não dele), é assassinado, lembrado como estado de coisa sem sujeito, empecilho, admiração banal, vômito soberbo daquele que faz do passo a sua própria insegurança de riso amargo, inútil como a própria vida, não do outro, sua.
você não chora, nem ri, não fala nada, fica cuspindo para cada lado que te incomoda, sua própria sombra. grita e grita e grita e tenta respirar, não consegue, continua gritando para longe, para a sua própria euforia, desespero sem amparo, sem medo, sem cor, sem lugar algum. fala fala fala fala ao espelho, sua fala não chega a lugar algum, também o que sai da sua boca doente é só indigestão para si. vendo daqui, você é engraçado, cômico, manipulável.
sem graça, pálida é sua face, seu desespero é consumido por você, na verdade tudo é uma brincadeira de se consumir, como desejo perverso, quando se pisa, e faz do seu pisar sua mentira constante, de explicações banais, como quando é dito para enganar quem mesmo diz... você parece um criança que precisa se justiçar para todos, para pensar que existe... viu sua existência não é sua, na verdade é o que o outro quer...

(Yan Leite Chaparro, 07.02.09)

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Manhã

werther fioravanti

2008

entre tempos e manhãs

Tempo se faz de horas e minutos vividos em meio segundos destorcidos pela suave brisa da necessidade de se entender. Em passo lento acompanha a evolução do pensamento que, em suas entranhas chega a conclusão de que tempo traz rugas, e que rugas são bem vindas. Ao julgar tempos passados, vislumbram-se pedaços de horas e minutos que se aglomeram formando um espetacular filme de desconhecimentos, mas que com auxílio de tempo moldam sua sobrevivência.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

eu-outro (espelho)


Autor: Yan Chaparro.
Obra: eu-outro (espelho).
Material: papel A3, giz pastel, tinta aquarela.
Ano: 2008

Frase no papel: “o sentido se move no instante do outro, no eu, em Borges”

Texto: "A possibilidade do eu acontece na relação com o outro, não algo distante, mas que corre e corta todos os poros da carne do eu que caminha. O encontro é distinto da suavidade. É delicado, áspero, delicado e enganoso, por ser muito representativo do eu. É como perceber a morte, e suspirar na sua composição de ser vivo, quando a necessidade de se pensar em um estado de sempre distante, acontece por este algo estar muito próximo.
A segurança é como uma ilusão, composição semelhante ou a mesma a cada passo de estar (imaginar) como vivo."
(Yan Leite Chaparro, 02.02.2009)

Back on Earth


David Byrne, Tom Waits, Seu Jorge, Sizzla, Kanye West... são algumas das atrações do disco "The Spirit of Apollo" produzido pelo projeto N.A.S.A (North America South America), capitaneado pelo nova-iorquino Squeak E. e pelo paulistano Zegon. Ao todo são 17 faixas bem suingadas, cheias de samples do funk americano e do rico cenário nacional dos anos 70 e parcerias bem inusitadas como no caso do líder do Talking Heads, David Byrne, trabalhando ao lado do Chali 2na, ex-Jurassic 5. Foram longos dois anos de trabalho, vários canos (compreensível para um número tão grande de colaboradores) e várias sessões de estúdio. O disco ainda conta com a participação única de Ol' Dirty Bastard na faixa Strange Enough gravada duas semanas antes do integrante do Wu-Tang falecer. O lançamento do disco está previsto para o dia 17 desse mês e deve acompanhar de um DVD contendo um documentário sobre o projeto e clipes com roteiros de Spike Jonze (o mesmo diretor do clássico Sabotage dos Beastie Boys e do filme Quero ser John Malckovich) e direção de Syd Garon. Alguns já são possíveis de serem assistidos no YouTube.com. Não cabe um rótulo para o resultado. 




Abs!

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Da escada, o mar


As duas desciam rapidamente as escadas feitas de pedras, terra de um marrom escuro e pequenas gramíneas. 
Uma delas vascilou entre um degrau e outro. Sabia que não estavam indo no sentido correto.
No final (ou no início) não havia nada além de areia: prefácio de um mar razo, claro, sem sal..
Sentia que a qualquer momento aquele quase lago mostraria sua ira sobrehumana e aí seria tarde demais para procurar qualquer saída. Os degraus eram muitos para proporcionar uma fuga ligeira.
Mas era isso o que ele queria.
Pensava que havia sido muito ingênua em se deixar levar por um pedido póstumo do amante de sua irmã. Em vez de ajudá-la, estaria levando-a para o fim de sua linha tenra que poderia, porém, significar o reencontro com o desconhecido mais recorrente de suas lembranças amorosas.