segunda-feira, 20 de abril de 2009

State of...


Eu lembro mais ou menos por volta de 97-98 quando Illmatic caiu nas minhas mãos. Já escutava algumas coisas de música, na coleção tinha nomes variados e estilos variados. Mas o álbum de debute do Nas foi determinante. Ele já tinha saido alguns anos, a k7 que eu tinha era gravada do cd que um amigo trouxera do Japão. Pra mim serviria só para andar de skate. Mas o som era penetrante, quando soube que o encarte tinha as letras, peguei o disco emprestado, peguei o dicionário e comecei a traduzir. Não fui muito longe, e não acreditava que alguém poderia fazer rap daquela maneira. Não foi como reconhecer um artista que ninguém tinha prestado atenção. Naquele momento o menino do Queens já era chamado pelos mcs da década de 80 como o novo da velha escola, aquele que trazia de volta a intensidade perdida.
O time de produção do álbum era de respeito. No começo desse ano numa entrevista, o Premier disse como foi bom participar do projeto. Como ouvir o beat inacabado do Q-tip fez com que ele voltasse a trabalhar na faixa Represente que já era tida como pronta, como ouvir o instrumental do Pete Rock fez com que ele voltasse pro laboratório e não saísse sem a minha favorita. O disco ainda tinha músicas assinadas por L.E.S. e Large Pro. Participação nas faixas, só uma, a do pai do mc que antes de se mudar para NY era influente jazzista em New Orleans. O trumpete caiu como uma luva em One Love. As letras hoje com mais propriedade posso falar sobre. O uso de metáforas deixa claro a influência de um vizinho do bairro que ensaiava em seu quintal, as letras não trazem a visão de um ou outro lado do Queens e sim de quem o observa de dentro. As drogas, polícia, filhos sem pais, maridos guardados... não parecem temas novos, mas nas letras do Nas ganharam novas direções. O mesmo disse que a idéia do disco não era tocar nas pistas e sim no seu bairro. Sabe como é, menino ingenuidade de menino de 19 anos. Só eu tenho comigo a versão brasileira, americana e de comemoração de 10 anos. E 15 anos depois do lançamento, o primeiro e único album de debute que atingiu 5 mics na pontuação da The Source continua sendo o clássico.
 


É isso!

Nenhum comentário: