segunda-feira, 23 de novembro de 2009
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Triunfo
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
terça-feira, 11 de agosto de 2009
"No passo e no tempo"
Como pensamento, sou vago, profundo, indiscreto, imperfeito,
assim como os dos alheios que conheço.
Teimo em ser como sou, mesmo não o querendo,
pois no final faz valer a pena.
E a quem diga que não. E quem não diria?
O corpo, na maioria das vezes pede um carinho apenas,
nada a mais do que não seja necessário
para sintonia das notas que formam meu soneto.
E os tons produzidos pelas notas vacilam e oscilam
entre harmônicas e singulares partes de um ser em busca de um eixo.
Ser convalescente de uma transformação não necessária,
mas natural de uma existência.
A mudança natural dos hábitos, rotina e apegos,
são nada mais do que reflexos desapercebidos
da necessidade de se adaptar ao meio.
O que leva a uma mudança constante
e interna dos sentimentos, vontades e desejos.
Leva a crer por final,
que mal se conhece aquele que não se permite mudar!
..... é isso apenas, algumas palavras..
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Chinoiseries
segunda-feira, 27 de julho de 2009
movimento de vertigem - 24.07.09
Eu corri e corri, precisava chegar primeiro em casa, meus obstáculos eram duas ruas inclinadas que davam em casa, e meu chinelo que estava arrebentado. Eu tinha seis anos, e corrida era contra eu mesmo, ou melhor, o campeonato de corrida que imaginava. Meu corpo se comportava como de um atleta desengonçado, meu peito inclinado, minhas mãos que ganhava o ar, e minha boca que pronunciava um narração eufórica da vitoria, que ainda não sabia ser minha, tinham dois na minha frente.
Sozinho para quem me via de fora, e entre muitos e uma mata fechada para quem me via de dentro, corria desesperado, não sabendo se falava ou respirava. Estava perto da esquina, no meio de percurso, já avistava minha casa na outra esquina. Acelero o passo, e a imagem da minha casa é trocada pelo do asfalto. Meu chinelo arrebenta de vez, sou traído pelo meu equipamento de corrida. Lembro que fiquei parado olhando o horizonte entre o asfalto e minha casa. Pensei “estou em uma corrida, não posso parar”. Todos os outros corredores passam na minha frente.
Eu levantei joguei meu chinelo fora, e descalço caminhei até minha casa. O sangue escorria na minha cara, o corte foi profundo. Cheguei em casa e fui recebido pela minha mãe, ela olhou assustada e eu ri, estava feliz por completar a prova, ainda mais sangrando, tinha as coisas que meu time o Corinthians tinha também, pelo menos era o que meu pai dizia, e eu só acreditava, ele era meu pai.
Minha mãe desesperada venho em minha direção, quando ela encostou no meu supercílio, voltei a realidade, uma puta dor se apossou da minha cabeça, então chorei e chorei, minha camiseta esta cheio de sangue (para mim era cheio), sentei no chão, minha cachorra nina, uma vira-lata, veio, acho que tentando me ajudar. E me levaram direto para o posto de saúde do bairro. Levei seis pontos, gazes e esparadrapo faziam parte do rosto agora, era bonito e feio, heróico e dolorido. Tenho uma foto comigo, com o esparadrapo e a camiseta do Mikey, comendo melancia com mão (sempre gostei disso), e um sorrido de lembrança vem até meu rosto com 24 anos hoje.
Passando cinco anos, meu irmão também cortou o supercílio, no meu lado do rosto, com seis pontos, com seis anos. Mas dele, uma gangorra o acertou. Deve ser coisa de família isso.
Encontro
Hoje,
Dia do contato!
Da referência de viver e ser vivido,
apenas para sentir o prazer de estar presente!
E, assim, de corpo e alma se encontram.
Masturbam-se em sintonia do acaso,
sangue da mesma carne.
Retornam, então, ao lar inconsciente,
constante da ausência daquilo que faz e não faz falta.
Descaso de um passado entregue ao destino.
A cada recomeço inesperado resolvem,
envolvem e dissolvem a carência permanente.
Carinhos de abraço, ausentes do descaso,
com forte apego beijam a pele, entregam-se.
Nada se perde, tudo se encontra!
E percebem, ao pouco que segue,
que viva!... não adormeça!
Diante da fraqueza,
supere, entregue de pura beleza a verdade.
Mesmo que apenas uma vez! Uma única! Seja!
(werther fioravanti, 2009)domingo, 26 de julho de 2009
Wave
sexta-feira, 24 de julho de 2009
filho de Goethe
loucura!
essa alma cantando se rola em lágrimas,
mal entende o emaranhado de emoções e confusões presentes.
atordoa o corpo!
a pele trêmula,
cheia de marcas.
confusa alma,
interpretada por um espírito louco,
sem controle!
divide em partes tantas dúvidas
que já delas não tem respostas.
se perde pobre ser apaixonado,
filho de Goethe.
controle, não se conhece mais.
atordoado, pilhado em gestos, corpo suado, jogado.
carma desse nome?
o que se faz? sem vontade, sem cor?
o eixo de tudo se vai.
aonde vai? volta!
alma atordoada, não suporta tanta distância,
já havia falado.
e ainda tem o que é mal resolvido.
adiado talvez, quem sabe.
pobre alma,
com tanto e tão pouco.
intensa vontade de enlouquecer,
necessidade!? talvez.
controle remoto sem pilha,
antena caída, sem sinal...
a tela cinza, sem vida,
chia e chia!
mais uma noite se foi.
o açucar pela manhã já não é mais o mesmo,
entrou formiga.
densa intensidade de sentimentos
presentes da falta que faz!
precisa de uma voz,
só uma, só dela,
apenas ela!
Werther Fioravanti , 2009
segunda-feira, 13 de julho de 2009
A música é a arma
"Fela nasce em 1938, na cidade iorubá de Abeoukuta (Nigéria), mesma cidade de nascimento do escritor nigeriano Wole Soynka, prêmio Nobel de Literatura em 1986. Vindo de uma família de intelectuais de classe média, com quase todos os seus irmãos formados em medicina, Fela parte para Londres em 1958 com o mesmo intuito, o de estudar medicina. No entanto, com pouco tempo de estadia em território britânico, percebe que o seu interesse era definitivamente outro; acaba estudando música e forma uma banda que misturava jazz, soul e algumas variantes de ritmos africanos. Daí em diante, a arma de Fela passa ser realmente a música. Porém, ele só terá a consciência profunda disso depois de sua turnê pelos EUA, em 1969, onde ele passa dez meses e acaba tendo contato direto com o movimento dos Panteras Negras."
quarta-feira, 8 de julho de 2009
(...)
Não estava bom. Mas não sabia o que era bom. Nem haveria história se estivesse. Ele sabia que faltava alguma coisa, mas aparentemente não se importava. Era um tal de acordar atrasado, correr até o ponto da esquina e pegar a condução lotada de pessoas como ele. Sem terem muita certeza de que era daquilo que gostariam para suas vidas. O semblante entregava a interrogação de cada um. O clima de navio negreiro faz com que se deseje que o dia chegue logo ao fim. E ainda estamos falando da primeira cena. O cheiro de café e as caras de sono seriam os próximos sinais de que alguma coisa estava errada. Mas nada se fala, passa-se a régua em tudo que ficou pra trás e se perde entre papéis, números e letras. Com tantas bocas para alimentar, não há tempo para pensar no que falta, tem que se preocupar no que falta para o trabalho ser entregue no prazo. Nesse instânte o cigarro faz com que tenha tempo pra respirar. Faz sentido. Os dois ponteiros apontam para o céu. Sinal que temos uma hora para a segunda parte. A comida de hoje tem o mesmo gosto da comida de ontem que tem o mesmo gosto… de quê? Não tem tempero. A tarde promete ser ilusoriamente mais tranquila que a manhã, o que não se termina hoje se deixa para amanhã. A pressa é aparente, só tem ansiedade para abrir aquele incrível e-mail sobre o nada. Que neste cubiculo parece bem real. Horas mais tarde, no caminho de volta o corpo pesa, a preocupação muda de cenário. O que era crise mundial se transforma na compra do mês. Com o semblante mais pesado ele faz o caminho inverso. Em casa toma banho, janta, arrisca brincar com as crianças, lembra que na vida que se leva não há mais espaço para imaginar outra realidade. Pé no chão, bunda no sofá, controle na mão. Nem dá pra dizer onde a cabeça está. Se é que está. Não estando mais tão entusiasmado assim, dá um beijo na patroa e deita na cama. Falta ainda alguma coisa.
terça-feira, 30 de junho de 2009
milagre de São João
domingo, 28 de junho de 2009
navegando sem cais
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Encontro dos trilhos
O que buscavam? Não se sabia! Mas seus destinos seguiam.
A cada cinqüenta metros paravam e se perguntavam – “será que faz sentido? O norte está certo? Parece não ser esse o caminho?” – e em silêncio, continuavam seguindo o mapa que pouco se via pelo desgaste do papel.
Em metros e metros naturalmente se adaptavam a dúvida, como também a companhia do outro. Seguindo este ritmo, rumo ao norte em passos de dança e música, os trilhos se abraçaram, e se beijaram loucamente. Num piscar de olhos surge o inevitável, não se vê e não se entende, mas surge. Amor!
Maldita hora! O norte ainda não era definido no papel, a bússola que um deles ganhou quando criança ainda por cima não funciona direito, e agora, amor. Conflitante como a escolha do rumo certo a seguir, surge inquietamente entre e dentro de cada um.
E logo adiante, chuva! Corre, corre, corre! Sorte que logo ali se vê um abrigo, e pra lá foram, ensopados e perdidos, mas incrivelmente felizes.
Passando o sufoco da chuva, voltam os trilhos a percorrer o caminho, que começara então se tornar um só para ambos.
Como viajantes e tripulantes de um destino não sabido, com um norte falho, sujeito a qualquer interferência natural ou não em seu desfecho, seguem conscientes do inesperado. E por ai se vão, rumo ao norte.
(werther fioravanti, 26.6.09)
domingo, 7 de junho de 2009
sua voz???
Pergunto-me, que voz é a minha??? a resposta sai como um som projetado, incorporado e vomitado... os ruídos são constantes, uma performance entre o jogo de espelho eu - outro. Não é simples se diferenciar... me invento como sujeito, inspirado por armas camufladas que joga entre as nervuras cotidianas, o sangue percorre meu braço, minha garganta sangra como sentido de ainda se ver como vivido...
Perguntam o que sou. Digo "um alguem que inventa seu caminho"...
domingo, 24 de maio de 2009
P.I.M.P.
sexta-feira, 22 de maio de 2009
"possível voz"
segunda-feira, 11 de maio de 2009
"apreciações cotidianas" texto para o "sob passos"
O sentido é ralo, pálido, até enganoso. Me corto, espero pelo suspense, o ira sair. Não sei, espero. me desintegro a cada passo plasmático, turvo, de ruídos conhecidos, ausentes, desconhecidos. Meu equilíbrio é mais uma ilusão que defino como vida. me despertenço, me pertenço ainda mais. Sou eu e o outro, sou aquilo que esta no espelho borrado. Meu lugar é como existência permanente, tento levá-lo no bolso. Respiro, ate ouço meu coração bater, me invento como possível. A morte se torna prazer. Prazer do que? Não sei. A carne revela um tempo consumido por alguém que passa. Tudo é delicado. O outro são correntes que passam fora. Meu corpo treme, não por frio, mas por não conhecer, ou conhecer demais. O fora é dentro.
domingo, 10 de maio de 2009
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Ao acordar...
é obrigação, necessidade.
Essa alma de leve velocidade
caminha e caminha, na pena do dia,
sem medo nem agonia.
O que nela se esconde floresce de olhos abertos,
cílios armados, com água nos cantos.
Água limpa, transparente,
que fomenta suave anseio
de viver, viver e viver.
(werther fioravanti, 07.05.09)
segunda-feira, 4 de maio de 2009
quinta-feira, 30 de abril de 2009
Rotina
terça-feira, 28 de abril de 2009
segunda-feira, 20 de abril de 2009
State of...
quinta-feira, 16 de abril de 2009
terça-feira, 14 de abril de 2009
Helen Levitt e os cristais do cotidiano
"crime cotidiano"
Ela diz “sou como um crime”...
segunda-feira, 6 de abril de 2009
Da escada, o mar (continuação)
- Apenas puxe!
- Não estou falando da areia.
- Então a areia lhe segura o quê?
- Tenho uma sensação incômoda de insegurança em relação aos meus pés.
Sem tocá-los no chão, sentia a gravidade pesar sobre a planta e os dedos desmotivando-os a andar.
- A insegurança está na areia e não nos seus pés. Concentre-se. O mar está prestes a se quebrar.
- O que insiro do mundo em mim, ao mundo não volta. Estou trancada em meu próprio corpo.
aquela que se importa (tradução minha!)
O cubo como objeto imaginado: apreciações sobre “Cultura Bovina?”
A imagem se aproxima de cada sentido atento para aquilo que remete a si e ao outro, a composição estética de algo que se move, que no contato com a atmosfera do que o envolve, permite sentidos lógicos, diacrônicos, dedutivos, que abre questionamentos, ao mesmo tempo que ao falar de um algo preciso, já impreciso por estar no mundo.
A imagem é de um objeto cubo, que esta no palco, e compõe uma proposta de não somente objeto cênico, mas de instalação, esta que com sua forma-conteúdo, é esquema estético, como uma artimanha de estar no palco, falar e sair.
Este objeto exibe-se como estado que engana, pois sua composição de forma, lembra algo estático, e também lembra algo que se movimenta, sendo assim, ele engana por estar ali somente, e exige para quem olha, indagar-se em relação ao um movimento próprio dele, que fecha, aprisiona e incomoda.
O engano do cubo é fundamental para entender o incomodo de uma peça simbólica (bailarina), em relação a este, pois a lógica de vontades, desejos e racionalidades, é ensaiada do resumo de uma relação delicada do objeto, com esta bailarina, e os outros (as) bailarinos (as) no palco.
Ao ver o cudo obedecendo cada encontro no palco, é possível estender uma conversa com ele, na tentativa de saber mais sobre este objeto, este elemento que acontece por si, e pela relação com os outros, ou melhor, pela composição do “entre” no entrelace de signos, na formação de um tecido em movimento no palco.
Mas porque este objeto como algo imaginado? Talvez pelo fato de que ele é lembrado sempre no instante em que a bailarina (dele, com ele), exibe um encontro, lembra dele ali, uma lembrança fantasiosa, pois somente para ela aquele quadrado exibe um significado de repressão, uma construção imaginativa que a aprisiona, os outros reconhecem a existência do quadrado, não olha, talvez por medo, ou por exigência de construí-lo, pois eles sabem que também são elementos concretos que posiciona o quadrado ali, mas este posicionamento acontece pela relação imaginativa que um símbolo constrói ao quadrado. Chego lembrar do posicionamento esquizóide de Deleuze e Guattari, quando discute o sujeito na sociedade capitalista.
Por que este objeto não é quebrado? Que força ele tem?
Quando lembro deste objeto, como fenômeno imaginado, ao mesmo instante lembro que são cinco bailarinos (as), um que significa a linha de dor que passa por todo o espetáculo, e os outros quatro (três poderes e a que esta com o cubo) que compõe, permite vida e movimento ao objeto, e no final tudo parece se reduzir no e ao objeto, nas confluências de poder. Este é um espetáculo que desvenda constituições criticas intermináveis, talvez por isso que esta vivo há um bom tempo. Mas pergunto que dor é esta? Quem constrói esta dor? E o que pode ser feito desta dor?
Para terminar este texto, que são apreciações iniciais sobre este objeto no espetáculo “Cultura Bovina?”, lembro que a composição do poder nas aparelhagens interligadas sociais (como sistema), se forma e se movimenta no “entre”, não esta em um ou no outro, mas no entre as forças do cotidiano, e é alimentada neste entre, no diálogo constante de forças, desejos e crenças.
Talvez o cubo já esta sendo quebrado, por uma margem particular, uma inversão da hierarquias de poder, como uma possível voz, uma outra posição que não respeita, resiste e joga.
(Yan Leite Chaparro, 12.03.2009)
sexta-feira, 3 de abril de 2009
prematuro
É feliz!
Quem sabe é.
Não vejo,
Mas entendo tal lamento
Mesmo sendo infantil
Interpretando enfim
Moedas de menos valor,
Acariciando sim
O que se estende.
Mas não,
Não mente.
É de pensar,
Questionar sem tanto teor,
Para aguçar
Sentimentos límpidos
“Reais”,
Sem pudor.
terça-feira, 31 de março de 2009
linha de tempo
dia bom para escrever,
nascer,
sobreviver,
gritar,
sufocar,
cantar...
Ontem,
dia bom para lembrar,
esquecer,
entristecer,
alegrar,
deixar,
dormir...
Amanhã,
dia bom para querer,
sonhar,
pensar,
rolar,
crescer,
enlouquecer...
O agora,
o instante,
distante,
presente,
ardente,
sufocante,
intrigante prazer...
segunda-feira, 30 de março de 2009
"cinismo"
“o cinismo me lembra a luta, me posiciono, seguro minhas armas que estão em meus bolsos, e assim procuro inverter o que encaro. minha carne inspira cada odor de violência, dos homicídios invisíveis que me fazem filho de uma luta antiga, quando a dor esta no “entre” de cada posição ordinária, que inventa um outro comum como estranho, sem vida. eu tenho vida. cada passo exibe a compreensão dos estados de coisas que me envolve, derrama sangue por eu estar aqui. a luta é cada dia, pra reconhecer a si mesmo, em meio da sua própria tragédia, da tragédia histórica em que meus passos caminham sob e sobre. ouço a cada dia, que me inventaram desse jeito de plástico, deste sorriso irônico. sei que escondem alguma coisa de mim, para eu não me tornar sujeito, mas sim objeto pálido, como os suspiros de hoje. então vou lutando como um cão (cinismo), um sem raça de nobreza, e em cada olhar aprecio que minha luta esta no meio de tudo que sinto, esta como expressão estratégica, quando são explodidos os alicerces da beleza construída como vida. não a minha.”
(Yan Leite Chaparro, 30.03.2009)
terça-feira, 24 de março de 2009
Entre irmãos
segunda-feira, 23 de março de 2009
...
quinta-feira, 5 de março de 2009
Ya no sé qué hacer conmigo
domingo, 1 de março de 2009
“eu-outro (espelho): dizeres sobre o eu”
A carne de um outro é costurada, se costura na pele de quem fala (minha), o sangue de um e do outro, se misturam em meio de forças de desejo de estar, e de ambigüidades de fugir, o sangue se confunde nos rasgos delicados feitos pelo o pêlo que se intercala no estado irônico de prazer, em cada pulsão sugerida na possibilidade dos poros da minha epiderme. A dor é real.
O sarcasmo exibido pelo tempo nas linhas que contornam, dão forma e preenchem na brutalidade do instante do asfalto, também é costurada e se costura, na pasta frágil de cada ruga branca da sola dos meus pés, este coberto pela borracha do carro, e do meu sapato. Então na artimanha de sobreviver, o asfalto exige uma costura temporal, e no instante que faz um acerto com a borracha, a dribla, e passa sua linha áspera por cada poro da minha pele escondida, do meu pé quase falso.
Uma costura se forma, exibindo na sua composição poética, a narrativa de algo que envolve, e é envolvido pelo que esta envolta, e na precisão contorcida (quando tenta suspirar, ou enganar que está vivo), como movimento desintegrado (entrelace de dor, prazer, imprecisão e risos), tece um diálogo delicado, denso pelo estado de viver, e aquilo que envolve o que esta envolvido, é mantido (em movimento) como figura que escorre ao outro, de outro a um, então fica tudo imbricado em uma mesma composição de substâncias que se diferem, se encontram, trocam, e se modificam. Quando o corpo exibe o seu passo no mundo, ele já é este mundo também.
O eu são estalos sussurrantes que na medida que fala de um outro, reconhece que este outro é ele mesmo, talvez com uma cara diferente, mas a necessidade de identificação projetiva com este outro, já exibe explicitamente que este outro falado pelo eu (sua posição no mundo), é muito, ou quase todo o eu. Quando este eu se coloca à pensar o ambiente e a paisagem urbana em que vive. O sangue é o elemento conflitante para poder compreender onde esta o limite do que é fantasia e realidade. Cada substância vermelha que sai do outro, do eu, é o vomito amargo de morte e vida, como sugestão de que algo acontece, simplesmente acontece. Penso como sinceridade duvidosa, que a barreira da fantasia e do real, é insistente, pois é estado de movimento, de diálogo, de encontro, como a percepção traumática e de alivio quando eu me encontro em movimento no mundo (de sangue, suor, idéias, apelos e risos), e observo que meu caminhar junto ao outro (eu mesmo – ele) acontece no instante do entre (fantasia – real), um entre confuso, sem precisão, que caminha na sua solida desconstrução.
O entre que falo, que é postura de idéias do eu quando olha o outro em estado de sangue e pasta no chão. É um entre de contorções de sentidos, de idéias, de percepções e de paixões. Entre que é um lugar, estado de movimento, lugar parecido quando o eu percebe a relação - outro, sua relação - mundo, e sua idéia de fantasia – real. Então o entre é este lugar existente no diálogo, movimento de se perceber juto ao outro, sendo este também.
O eu aqui é um alguém comum, que ao perceber o outro (no instante de loucura), compreende que sua percepção acontece por reconhecer neste outro o eu também. E assim observa feliz e infeliz que seu corpo (o todo carne-alma), não se separa do mundo, também é este mundo, e que o interno não é tão interno, e o externo não é tão externo.
Fica o eu, o outro, o espelho, e a idéia de saber do outro quando lembro do espelho que não sai da minha frente. E uma outra coisa fica, fica a necessidade de falar sobre a violência, não uma violência que esta no sangue que escorre da boca amarga de quem apanha, mas uma violência delicada que traz para sua poética de caminhar ao e no cotidiano, o semblante pálido, de ausência, cisão com o próprio corpo, e conseqüentemente com o que o envolve.
O eu ao se deparam com o outro, recebe tapa bem dado, cai lagrima, mas sabe que esta vivo. E agora este eu se incomoda e grita para os outros corpos, que parecem zumbis, corpos que vestem de gravatas, saias, camisetas, sapatos e sandálias, mas que faz do seu caminhar o não sentido do próprio corpo e do outro, construindo do cotidiano, a precariedade do banal, rarefeito indigesto, que faz da ausência de si ao e com o outro, a violência cotidiana.
E ao pensar sobre esta violência, o eu, lembra de um passado, e o riso é espantoso para si, o incomoda. Riso que é seguido de um pensamento particular, existente no tesão de ter solucionado um problema. O eu pensa o seguinte “que é por causa desta violência de linhas e conteúdos pálidos, de cisão com o eu-outro, que o gato foi assassinado, quem estava no carro não se via (seu sangue), então não podia ver o outro, e talvez por isso que o gato se matou, por não agüentar mais ver muitos de si (outro), sendo mortos por causa da ausência, de gritos escondidos”.
(Yan Leite Chaparro, 27.02.2009)
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
calma
é realmente achar que conheço,
e que apesar de me apressar
não chego a superar suave desespero!
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
"onze dias"
o gato esta na rua, estático, enfrente de uma loja de carros, ao lado do templo comercial dos nossos gostos, dias e prazeres. o gato sorri, não não, é o dente dele esmagado no chão. e tudo passa.
o gato insinua algo, lembra que já foi amigo de alguém, dele mesmo talvez, e que não tem nada ver se os animais sem pelo (quase), constroem e constroem, falam e falam, e se masturbam por causa do tal crescimento, progresso, desenvolvimento. o que o gato diria? não sei, não deu tempo para ele falar, mas ele sorriu.
o impacto foi grande, ouvi o barulho, depois de mais cinco carros passarem pelo mesmo gato (por que não procuraram outros?), parei, fiquei do lado dele, e resolvi tirar um foto, acho que o sorriso dele me atraiu, a ironia estava estampada (a morte era a vida do asfalto). e por Onze dias, as 11:00 da manhã, fui até este gato e tirava uma foto do mesmo ângulo. então o gato durou onze dias pós morte, estando vivo para o asfalto. pergunto será que o asfalto chorou pelo gato, eles eram tão íntimos.
move, se move, e é movido... o gato esta assim, por um ato de assassinato ele diz, fala que alguma coisa não esta legal na tal cidade, deste imaginário que movimenta a cidade na latência de desejos engraçados.
as vezes fico imaginando que ele se suicidou, não foi morto, mas ele quis se jogar no para choque daquele carro, pois não agüentava mais viver, estava cheio destes benefícios bancários que chamamos de vida. talvez ele estava bêbado, talvez ele era um artista, talvez estava fugindo de uma briga, ou talvez tinha acabado um relacionamento e sofria pela amada.
o gato se foi, mas penso que ele agora esta mais vivo, onze dias, eita gato forte, depois de morrer durou mais onze dias, sou fã deste gato, morreu por uma causa política, histórica, cultural, ambiental, do amor. será que este gato era um extremista, um radical, de esquerda, que lutava contra os carros? também não sei disso.
depois disso caminhei pela cidade constatando, como investigador criminal, e espiritualista também, quantos outros companheiros deste havia na cidade, e quando encontrava, parava esperava a noite, e colocava uma cruz ao lado dele, não que eu seja católico, nem creio em deus, mas foi um sinal de respeito que arrumei para dizer, mas quando no outro dia eu passava por lá, a cruzes tinham sumido, mas os gatos estavam lá, sei lá, vai saber pensavam que a cruz era macumba (talvez era). e tenho fotos que comprovam isso, e uma testemunha que tirava as fotos. acompanhei esta missão deles que ainda continua, e aos poucos fui percebendo que não era só gatos, mas pássaros também, cachorros, quatis, e outros, então hoje imagino quase certamente, que os animais possuem um grupo extremista, muito bem embasado teoricamente e com uma pratica radical (de suicídio), que se matam como expressão de questionar, indagar, e mandar se foder este outro animal (ser humano), e seus adereços fálicos (os carros, motos e outros).
hoje tenho quase certeza que este gato fazia parte deste grupo, que era um militante dos onze dias, um estudioso da questão ambiental (da cidade, do cotidiano, da subjetividade e da violência). um dia encontro este gato, pois sei que ele olhou para mim antes do seu ato, talvez por isso eu o percebi.
(Yan Leite Chaparro, 13.02.09)
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
domingo, 8 de fevereiro de 2009
Urbe
"relembrando uma morte"
você não chora, nem ri, não fala nada, fica cuspindo para cada lado que te incomoda, sua própria sombra. grita e grita e grita e tenta respirar, não consegue, continua gritando para longe, para a sua própria euforia, desespero sem amparo, sem medo, sem cor, sem lugar algum. fala fala fala fala ao espelho, sua fala não chega a lugar algum, também o que sai da sua boca doente é só indigestão para si. vendo daqui, você é engraçado, cômico, manipulável.
sem graça, pálida é sua face, seu desespero é consumido por você, na verdade tudo é uma brincadeira de se consumir, como desejo perverso, quando se pisa, e faz do seu pisar sua mentira constante, de explicações banais, como quando é dito para enganar quem mesmo diz... você parece um criança que precisa se justiçar para todos, para pensar que existe... viu sua existência não é sua, na verdade é o que o outro quer...
(Yan Leite Chaparro, 07.02.09)
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
entre tempos e manhãs
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
eu-outro (espelho)
Autor: Yan Chaparro.
Obra: eu-outro (espelho).
Material: papel A3, giz pastel, tinta aquarela.
Ano: 2008
Texto: "A possibilidade do eu acontece na relação com o outro, não algo distante, mas que corre e corta todos os poros da carne do eu que caminha. O encontro é distinto da suavidade. É delicado, áspero, delicado e enganoso, por ser muito representativo do eu. É como perceber a morte, e suspirar na sua composição de ser vivo, quando a necessidade de se pensar em um estado de sempre distante, acontece por este algo estar muito próximo.
A segurança é como uma ilusão, composição semelhante ou a mesma a cada passo de estar (imaginar) como vivo."