sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Por onde passa os urubus???



Então, o urubu voa, plaina em um ar, e faz do seu sustento este próprio ar, e quando come, se saboreia com algum resto de coisa, que há um tempo estava viva. Uma coisa me incomoda, ao assistir o filme “Cinema, Aspirinas e Urubus”.
Deparo-me com a presença desta ave, ou melhor, com a significação humana da mesma, Urubu que se mostra em duas ocasiões, a primeira no momento em que um prefeito (coronel moderno), bate nas costas de um sujeito que fazia a sombra de um pássaro em um pano com a luz refletida, e no segundo momento quando o nordestino e o alemão estão na estação ferroviária, no meio de pessoas (nordestinas), que vão embarcar em uma viaje conhecida como dos soldados da borracha.
Sendo assim o incomodo toma forma de reflexão (isso é bom), e esta ave inicia a se movimentar pelo sentido da sua existência recebendo novo nome, o de poder. Pergunto-me que ar é este que este poder se sustenta, e de que carniça ele se saboreia? Talvez o ar seja o entre, quando dois corpos se comunicam traçando o desenho contornado e preenchido pelo poder, não um poder que esta lá fora, mas esta ao lado, corta a pele de que o vivencia e o sustenta, sendo assim este urubu plaina para mirar uma carne podre ou um lugar para descansar, no poder que vai modulando as relações na arte do cotidiano, tirando proveito de “mordomia”, quando se sustenta no poder.
E a carniça parece que são os corpos podres, que morrem aos poucos desgastados pelo sol, o vento, e a solidão, na insegurança ao serem violentados a cada dia por sentidos em que este urubu se sustenta, o poder, construído, mas não muito enxergado. A carne a cada dia que se deteriora se torna mais saborosa, como alimento necessário para a vivencia do urubu no mundo.
Então após assistido o filme “Cinema, Aspirinas e Urubus”, os urubu, tomam estas duas formas de contextualização significativa, quando aparece junto a alguém do cotidiano “humilde”, revela um composto perverso, quando as relações de poderes o sustentam no ar, e quando aparece voado, o urubu já esta voando, esperando uma carne podre, de um alguém que morreu, de tanto tentar viver, espera a carne, e dá ordem para outros corpos entrarem, e outros caminharem para qualquer lugar.

Yan Chaparro – 24/10/2008

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