sexta-feira, 24 de outubro de 2008

O Fosso...




Pois o fosso permanece ausente, fica como uma historia com o semblante de um marasmo estancado na veia sarcástica de um local precisamente belo, como sorriso irônico, de mãos que não encontram o seu entendimento, e a banalidade podre esta como norma.
O fosso do filme “Saneamento Básico o Filme”, remete a um cansaço, quando se assiste o próprio, sensação que parece estar de propósito, como incomodo enjoativo, que lembra o cotidiano melancólico, quando as coisas não acontecem, a obra do fosso que fede é esquecia.
O filme se revela como uma grande piada, regido por uma ironia explícita, já conhecida pelo diretor no seu curta metragem “Ilhas das Flores”. No final do filme tudo parece que melhorou no sentido pálido (gravidez, revista, sexo com a primeira dama), e a merda que fede do fosso ainda se mostra viva, cautelosamente ri daqueles que a permitem ali.
O Joaquim pede fogo à um garoto, este o entrega, Joaquim acende seu cigarro preocupado com a estréia do filme “O Mostro do Fosso”, mas começa a ouvir varias risadas, se levanta, joga o cigarro no chão, vai para dentro de uma espécie de salão-igreja, e ali vê o publico rindo da comédia que ajudou a produzir. Ao ver esta cena, duas coisas me chamam a atenção, a primeira é que o publico que ri, é o publico que esta assistindo o próprio “Saneamento Básico o Filme”, que ri como seres patéticos, quando se esquecem do cheiro de merda do fosso do seu cotidiano, e a segunda é que o filme feito no próprio filme (como meta linguagem), é um retrato do próprio filme “Saneamento Básico o Filme”.
Monstro do fosso não é tão diferente de saneamento básico. Um ponto importante do filme, é que o cansaço sentido, lembra as estratégias de ficar parado no cotidiano de lugares em que a violência esta em cada ação contra um coletivo, ações que esquece de problemáticas fundamentais para o caminhar social, e quando as conseqüências de jogos de poder se torna norma a social.


texto de Yan Chaparro – 23/10/2008

2 comentários:

Com CH disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Com CH disse...

Até onde também não estamos atuando? Vamos lá! Estamos em um jogo sujo, a valia vem das pessoas e sim daquilo que elas carregam no bolso. Canso de ver "vozes dos excluidos" que quando ganham sua primeira bolada a primeira coisa que fazem é esquecer suas raízes.
No caso o cheiro do fosso, do fosso mesmo?