Hoje,
dia bom para escrever,
nascer,
sobreviver,
gritar,
sufocar,
cantar...
Ontem,
dia bom para lembrar,
esquecer,
entristecer,
alegrar,
deixar,
dormir...
Amanhã,
dia bom para querer,
sonhar,
pensar,
rolar,
crescer,
enlouquecer...
O agora,
o instante,
distante,
presente,
ardente,
sufocante,
intrigante prazer...
terça-feira, 31 de março de 2009
segunda-feira, 30 de março de 2009
"cinismo"
“o cinismo me lembra a luta, me posiciono, seguro minhas armas que estão em meus bolsos, e assim procuro inverter o que encaro. minha carne inspira cada odor de violência, dos homicídios invisíveis que me fazem filho de uma luta antiga, quando a dor esta no “entre” de cada posição ordinária, que inventa um outro comum como estranho, sem vida. eu tenho vida. cada passo exibe a compreensão dos estados de coisas que me envolve, derrama sangue por eu estar aqui. a luta é cada dia, pra reconhecer a si mesmo, em meio da sua própria tragédia, da tragédia histórica em que meus passos caminham sob e sobre. ouço a cada dia, que me inventaram desse jeito de plástico, deste sorriso irônico. sei que escondem alguma coisa de mim, para eu não me tornar sujeito, mas sim objeto pálido, como os suspiros de hoje. então vou lutando como um cão (cinismo), um sem raça de nobreza, e em cada olhar aprecio que minha luta esta no meio de tudo que sinto, esta como expressão estratégica, quando são explodidos os alicerces da beleza construída como vida. não a minha.”
(Yan Leite Chaparro, 30.03.2009)
terça-feira, 24 de março de 2009
Entre irmãos
Parteum: Meu avô, quando foi registrar meu pai, não botou sobrenome nele, porque a maioria dos negros no Brasil carregam o sobrenome do senhor de terras. Por intermédio de um tio, cheguei na fazenda onde os meus antepassados trabalharam, em Dois Córregos, interior de São Paulo. Por causa do meu avô, já nascemos livres.
Duas gerações
dois estilos de ritmo e poesia
dois irmãos
Entrevista interessante da revista +Soma, com Rappin' Hood e Parteum.
Leia!
segunda-feira, 23 de março de 2009
...
Corpo, movimento, cognição, entendimento
Na mente em corpo
Que simples move, se move
E é movido
Preciso de tempo
E a respiração cria espaço que já não havia entre pele, osso e inebriedades
Prenso com peso
Dentes são espécies de armas contra o entendimento
Em cadeias lineares e de fina sutileza pontiaguda
Quisera entorno de ressentimento
Fim do fim em constante movimento
Sentimento e desespero
Cinética estátil
Linear em curvas de olhos que já mais vêem entre
Se guia pelas mãos
Com dedos entrelaçados em si, entre si
Entre mim e o súbito
Entre aqui e o foi embora
quinta-feira, 5 de março de 2009
Ya no sé qué hacer conmigo
Além da letra, a construção de imagens do clipe é muito legal.
Me identifico com ambos.
Por estas bandas da vida, como se pudesse ser algo além de mim mesma e esse mim pudesse ser manipulado por mim outra que me observo de fora, gostaria de sair e me deixar banhando, até que me despisse de toda a sugeira que armazenei até hoje.
domingo, 1 de março de 2009
“eu-outro (espelho): dizeres sobre o eu”
autor: Yan Chaparro
obra: "estado de diluição (alívio-dor)"
tamanho: 70x60
ano: 2008
A carne de um outro é costurada, se costura na pele de quem fala (minha), o sangue de um e do outro, se misturam em meio de forças de desejo de estar, e de ambigüidades de fugir, o sangue se confunde nos rasgos delicados feitos pelo o pêlo que se intercala no estado irônico de prazer, em cada pulsão sugerida na possibilidade dos poros da minha epiderme. A dor é real.
O sarcasmo exibido pelo tempo nas linhas que contornam, dão forma e preenchem na brutalidade do instante do asfalto, também é costurada e se costura, na pasta frágil de cada ruga branca da sola dos meus pés, este coberto pela borracha do carro, e do meu sapato. Então na artimanha de sobreviver, o asfalto exige uma costura temporal, e no instante que faz um acerto com a borracha, a dribla, e passa sua linha áspera por cada poro da minha pele escondida, do meu pé quase falso.
Uma costura se forma, exibindo na sua composição poética, a narrativa de algo que envolve, e é envolvido pelo que esta envolta, e na precisão contorcida (quando tenta suspirar, ou enganar que está vivo), como movimento desintegrado (entrelace de dor, prazer, imprecisão e risos), tece um diálogo delicado, denso pelo estado de viver, e aquilo que envolve o que esta envolvido, é mantido (em movimento) como figura que escorre ao outro, de outro a um, então fica tudo imbricado em uma mesma composição de substâncias que se diferem, se encontram, trocam, e se modificam. Quando o corpo exibe o seu passo no mundo, ele já é este mundo também.
O eu são estalos sussurrantes que na medida que fala de um outro, reconhece que este outro é ele mesmo, talvez com uma cara diferente, mas a necessidade de identificação projetiva com este outro, já exibe explicitamente que este outro falado pelo eu (sua posição no mundo), é muito, ou quase todo o eu. Quando este eu se coloca à pensar o ambiente e a paisagem urbana em que vive. O sangue é o elemento conflitante para poder compreender onde esta o limite do que é fantasia e realidade. Cada substância vermelha que sai do outro, do eu, é o vomito amargo de morte e vida, como sugestão de que algo acontece, simplesmente acontece. Penso como sinceridade duvidosa, que a barreira da fantasia e do real, é insistente, pois é estado de movimento, de diálogo, de encontro, como a percepção traumática e de alivio quando eu me encontro em movimento no mundo (de sangue, suor, idéias, apelos e risos), e observo que meu caminhar junto ao outro (eu mesmo – ele) acontece no instante do entre (fantasia – real), um entre confuso, sem precisão, que caminha na sua solida desconstrução.
O entre que falo, que é postura de idéias do eu quando olha o outro em estado de sangue e pasta no chão. É um entre de contorções de sentidos, de idéias, de percepções e de paixões. Entre que é um lugar, estado de movimento, lugar parecido quando o eu percebe a relação - outro, sua relação - mundo, e sua idéia de fantasia – real. Então o entre é este lugar existente no diálogo, movimento de se perceber juto ao outro, sendo este também.
O eu aqui é um alguém comum, que ao perceber o outro (no instante de loucura), compreende que sua percepção acontece por reconhecer neste outro o eu também. E assim observa feliz e infeliz que seu corpo (o todo carne-alma), não se separa do mundo, também é este mundo, e que o interno não é tão interno, e o externo não é tão externo.
Fica o eu, o outro, o espelho, e a idéia de saber do outro quando lembro do espelho que não sai da minha frente. E uma outra coisa fica, fica a necessidade de falar sobre a violência, não uma violência que esta no sangue que escorre da boca amarga de quem apanha, mas uma violência delicada que traz para sua poética de caminhar ao e no cotidiano, o semblante pálido, de ausência, cisão com o próprio corpo, e conseqüentemente com o que o envolve.
O eu ao se deparam com o outro, recebe tapa bem dado, cai lagrima, mas sabe que esta vivo. E agora este eu se incomoda e grita para os outros corpos, que parecem zumbis, corpos que vestem de gravatas, saias, camisetas, sapatos e sandálias, mas que faz do seu caminhar o não sentido do próprio corpo e do outro, construindo do cotidiano, a precariedade do banal, rarefeito indigesto, que faz da ausência de si ao e com o outro, a violência cotidiana.
E ao pensar sobre esta violência, o eu, lembra de um passado, e o riso é espantoso para si, o incomoda. Riso que é seguido de um pensamento particular, existente no tesão de ter solucionado um problema. O eu pensa o seguinte “que é por causa desta violência de linhas e conteúdos pálidos, de cisão com o eu-outro, que o gato foi assassinado, quem estava no carro não se via (seu sangue), então não podia ver o outro, e talvez por isso que o gato se matou, por não agüentar mais ver muitos de si (outro), sendo mortos por causa da ausência, de gritos escondidos”.
(Yan Leite Chaparro, 27.02.2009)
Assinar:
Postagens (Atom)