quinta-feira, 30 de abril de 2009

Rotina

Sabem falar da rotina.
Preocupam-se com banalidades,
e com urgências,
da mesma forma.
Mesmo "sem saída",
são sempre profundos.
Raramente preferem o silêncio
às desimportâncias.
(Raíssa R. B. Mendes)

terça-feira, 28 de abril de 2009

"estranho"


autor: Yan Chaparro
obra: "estranho"
ano: 2008

segunda-feira, 20 de abril de 2009

State of...


Eu lembro mais ou menos por volta de 97-98 quando Illmatic caiu nas minhas mãos. Já escutava algumas coisas de música, na coleção tinha nomes variados e estilos variados. Mas o álbum de debute do Nas foi determinante. Ele já tinha saido alguns anos, a k7 que eu tinha era gravada do cd que um amigo trouxera do Japão. Pra mim serviria só para andar de skate. Mas o som era penetrante, quando soube que o encarte tinha as letras, peguei o disco emprestado, peguei o dicionário e comecei a traduzir. Não fui muito longe, e não acreditava que alguém poderia fazer rap daquela maneira. Não foi como reconhecer um artista que ninguém tinha prestado atenção. Naquele momento o menino do Queens já era chamado pelos mcs da década de 80 como o novo da velha escola, aquele que trazia de volta a intensidade perdida.
O time de produção do álbum era de respeito. No começo desse ano numa entrevista, o Premier disse como foi bom participar do projeto. Como ouvir o beat inacabado do Q-tip fez com que ele voltasse a trabalhar na faixa Represente que já era tida como pronta, como ouvir o instrumental do Pete Rock fez com que ele voltasse pro laboratório e não saísse sem a minha favorita. O disco ainda tinha músicas assinadas por L.E.S. e Large Pro. Participação nas faixas, só uma, a do pai do mc que antes de se mudar para NY era influente jazzista em New Orleans. O trumpete caiu como uma luva em One Love. As letras hoje com mais propriedade posso falar sobre. O uso de metáforas deixa claro a influência de um vizinho do bairro que ensaiava em seu quintal, as letras não trazem a visão de um ou outro lado do Queens e sim de quem o observa de dentro. As drogas, polícia, filhos sem pais, maridos guardados... não parecem temas novos, mas nas letras do Nas ganharam novas direções. O mesmo disse que a idéia do disco não era tocar nas pistas e sim no seu bairro. Sabe como é, menino ingenuidade de menino de 19 anos. Só eu tenho comigo a versão brasileira, americana e de comemoração de 10 anos. E 15 anos depois do lançamento, o primeiro e único album de debute que atingiu 5 mics na pontuação da The Source continua sendo o clássico.
 


É isso!

quinta-feira, 16 de abril de 2009

DEFinition

My favorite mc! 

terça-feira, 14 de abril de 2009

Helen Levitt e os cristais do cotidiano

Este vídeo é feito de fotos da Helen Levitt, uma fotógrafa estadunidense (que nasceu e cresceu no Brooklin) bem conhecida por suas fotos tiradas nas ruas de Nova York.
Ela nasceu em 1913 e morreu no final do mês passado.
Vai aí uma pequena homenagem a esta artista que destacou o cotidiano...assim como o faz um dos integrantes do coletivo construção.. 
Pode nos ser uma inspiração (para artistas da dança, músicos, psicoterapeutas, pessoas que vivem neste mundo esquisito entremeado de informações dissonantes..)

"crime cotidiano"

O semblante pálido ou vivo da arte, sorri com os olhos de baixo, e diz suavemente que ela esta mais próxima do crime, não de muitas outras coisas que dizem ser ela ou esta perto dela.


Ela diz “sou como um crime”...

(Yan Leite Chaparro, 14.04.09)

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Da escada, o mar (continuação)

- Não consigo soltar o que me prende.
- Apenas puxe!
- Não estou falando da areia.
- Então a areia lhe segura o quê?
- Tenho uma sensação incômoda de insegurança em relação aos meus pés.
Sem tocá-los no chão, sentia a gravidade pesar sobre a planta e os dedos desmotivando-os a andar.
- A insegurança está na areia e não nos seus pés. Concentre-se. O mar está prestes a se quebrar.
- O que insiro do mundo em mim, ao mundo não volta. Estou trancada em meu próprio corpo.

aquela que se importa (tradução minha!)

Analogia explícita do regime econômico e político no qual vivemos, pode ser também metáfora de como nos relacionamos com o mundo e como se dão as relações sociais atualmente..ou sempre..
Bom vídeo!

O cubo como objeto imaginado: apreciações sobre “Cultura Bovina?”

"o cubo"

A imagem se aproxima de cada sentido atento para aquilo que remete a si e ao outro, a composição estética de algo que se move, que no contato com a atmosfera do que o envolve, permite sentidos lógicos, diacrônicos, dedutivos, que abre questionamentos, ao mesmo tempo que ao falar de um algo preciso, já impreciso por estar no mundo.
A imagem é de um objeto cubo, que esta no palco, e compõe uma proposta de não somente objeto cênico, mas de instalação, esta que com sua forma-conteúdo, é esquema estético, como uma artimanha de estar no palco, falar e sair.
Este objeto exibe-se como estado que engana, pois sua composição de forma, lembra algo estático, e também lembra algo que se movimenta, sendo assim, ele engana por estar ali somente, e exige para quem olha, indagar-se em relação ao um movimento próprio dele, que fecha, aprisiona e incomoda.
O engano do cubo é fundamental para entender o incomodo de uma peça simbólica (bailarina), em relação a este, pois a lógica de vontades, desejos e racionalidades, é ensaiada do resumo de uma relação delicada do objeto, com esta bailarina, e os outros (as) bailarinos (as) no palco.
Ao ver o cudo obedecendo cada encontro no palco, é possível estender uma conversa com ele, na tentativa de saber mais sobre este objeto, este elemento que acontece por si, e pela relação com os outros, ou melhor, pela composição do “entre” no entrelace de signos, na formação de um tecido em movimento no palco.
Mas porque este objeto como algo imaginado? Talvez pelo fato de que ele é lembrado sempre no instante em que a bailarina (dele, com ele), exibe um encontro, lembra dele ali, uma lembrança fantasiosa, pois somente para ela aquele quadrado exibe um significado de repressão, uma construção imaginativa que a aprisiona, os outros reconhecem a existência do quadrado, não olha, talvez por medo, ou por exigência de construí-lo, pois eles sabem que também são elementos concretos que posiciona o quadrado ali, mas este posicionamento acontece pela relação imaginativa que um símbolo constrói ao quadrado. Chego lembrar do posicionamento esquizóide de Deleuze e Guattari, quando discute o sujeito na sociedade capitalista.
Por que este objeto não é quebrado? Que força ele tem?
Quando lembro deste objeto, como fenômeno imaginado, ao mesmo instante lembro que são cinco bailarinos (as), um que significa a linha de dor que passa por todo o espetáculo, e os outros quatro (três poderes e a que esta com o cubo) que compõe, permite vida e movimento ao objeto, e no final tudo parece se reduzir no e ao objeto, nas confluências de poder. Este é um espetáculo que desvenda constituições criticas intermináveis, talvez por isso que esta vivo há um bom tempo. Mas pergunto que dor é esta? Quem constrói esta dor? E o que pode ser feito desta dor?
Para terminar este texto, que são apreciações iniciais sobre este objeto no espetáculo “Cultura Bovina?”, lembro que a composição do poder nas aparelhagens interligadas sociais (como sistema), se forma e se movimenta no “entre”, não esta em um ou no outro, mas no entre as forças do cotidiano, e é alimentada neste entre, no diálogo constante de forças, desejos e crenças.
Talvez o cubo já esta sendo quebrado, por uma margem particular, uma inversão da hierarquias de poder, como uma possível voz, uma outra posição que não respeita, resiste e joga.


(Yan Leite Chaparro, 12.03.2009)

sexta-feira, 3 de abril de 2009

prematuro

Em algum momento instante sinto,
É feliz!
Quem sabe é.
Não vejo,
Mas entendo tal lamento
Mesmo sendo infantil

Interpretando enfim
Moedas de menos valor,
Acariciando sim
O que se estende.
Mas não,
Não mente.

É de pensar,
Questionar sem tanto teor,
Para aguçar
Sentimentos límpidos
“Reais”,
Sem pudor.