Sentado em uma comum lanchonete, de uma cidade comum, de um estado comum pertencente a uma comum nação, esperando o tempo passar, feito pedido de um café expresso se faz apreciar seu gosto com grande vigor, o café expresso estava bom e durou tempo necessário de uma xícara, que agora vazia, suja nas bordas é colocada de lado, ali quieta e estática permanece olhando para o que há de mais comum como quem observa descrevendo, o que outrora dentro de si havia café, quente, forte, preto e espuma marrom, agora havia um guardanapo amassado e a sujeira da espuma marrom que insistia permanecer entrenhada em sua borda pelo lado de dentro, precisamos atentar ao fato de que há minutos era espuma marrom quente que exalava um perfume agridoce cafeinado, adentrava as narinas ativando áreas neuronais de memória à longo prazo o reportando as brincadeiras de esconder por detrás das pilhas de sacos de café que se aglutinavam no meio do armazém torrefação lá pelas bandas das Minas Gerais onde seu pai era senhor do café Izabel, nome em homenagem à sua sogra, nada bobo ele, não sei se por isso, mas a véia nunca quis saber de outro genro, funcionou para a relação porém péssimo para os negócios, a torrefação faliu em menos tempo que a distância de uma copa do mundo a outra, era um tempo quente em uma época em que sul de Minas esfriava de verdade, cheirava café torrado aquela época, o cheiro trazia consigo um mundo livre aberto à possibilidades infinitas tornando-o andrógeno, um gigante invencível de mil tentáculos que abraçava o mundo e se tinha um metro de altura era muito, a fortaleza de um organismo frágil, poeira por entre sacos de café e ainda sim capitão desbravador de grandes mares, a xícara foi retirada da mesa, veio a moça e a levou, pensou em pedir para que a deixasse, mas hesitou por achar não ser importante, afinal, era só uma xícara suja com guardanapo amassado dentro, um objeto sem valor que não servia a um fim, agora era totalmente dispensável ou foi ela que o dispensou? Depois de ter sido levada ela será lavada e reaproveitada, quantos banhos teve que tomar para ser reaproveitado, reutilizado? Foram litros e mais litros de detergente e quilos e mais quilos de sabão em barra e sabonete para deixar com uma aparência melhor, mais limpa a superfície de sua alma que com o tempo acumulou sujeiras, já a xícara, nada que um bucha com um pouco de sabão e uma aguinha para ser o suficiente, feito isto ela estará pronta, limpa para o utilizar novamente, levanta o dedo e pede a moça mais uma xícara de café expresso.
(William I. C. Souza).
2 comentários:
...hehehee...
Este é meu grande amigo William... que maneiro quevc esta com agente, agora em "construção"... depois é o de "papel" (hehehehe)...
Então vc é mesmo um amante do estado de estar em e como café, nem tão comum...
Abraços amigo... e paz, na dita por ti "insanidade" da vida...
Abraços...
Caraalho William! Não conhecia sua pulsão literária! Gostei muito do texto. Bem sensitivo. Sinestésico. Encara o tempo e o espaço sempre em diálogo e por vezes como uma coisa só!
Bem vindo ao blog! :D
Escreva sempre!
Um abraço!!
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