quinta-feira, 27 de novembro de 2008

nuvens a solta

e como aparece desespero! como nuvens a solta, se deslocando e deslizando pelos espaços vazios. na verdade, não se prevê o próximo destino de um desvairar atenuado e instabilizado.
se ao menos pudesse limpar os espaços vagos de nuvens só para enxergar melhor!
mas não se sabe o possível poder de 3 assopros como disse uma delicada menina de olhos verdes.
vai que, num inconsciente contato com o vento ou alguma força da natureza, as nuvens se abrissem lentamente, após os 3 assopros, para o olhar do sol seguir diretamente a pele.
os dias cinzas que rodeiam e transformam a loucura cada vez mais intensa, hora se mostram em repouso apenas como composição do espaço.
como inocente não era nunca um não sabido sobre tal cotidiano, que já veio encarnado desde criança. e exatamente como criança não perde a esperança, nem ao menos parece que se cansa. continuam os assopros para todos os lados, desviando nuvens da rota, e as vezes trazendo outras que só estavam de passagem pra perto. o que faz entender por um instante, mas sem nenhum diamante de mérito. aquilo que apenas sabe, é o que não se deixa. os constantes passeios por novos e velhos espaços vazios.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Quando se move.

Foto: Yan Chaparro
Uma passo, um suspiro pálido... a perversidade se move, quando a latência explica o fato em uma tal superfície... da violência cotidiana...

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Jazz?

É rap pensei. Parecia rap. Ainda acho que é, mas na matéria que li depois de ouvir dizia que era jazz, e exagerava mais um pouco "James é para quem não acreditava mais nos cantores". Ah tá! Não precisa tanto. O fato é que José James consegue juntar os elementos da boa música atual com o jazz e isso fica um pouco mais embaçado por sua voz parecer que se trata de intérprete do jazz dos anos 50. Pra cair a casa de vez, ouvir ele cantando Coltrane é de arrepiar.


..

domingo, 23 de novembro de 2008

rebobine, por favor

Be Kind Rewind (Eua - 2008)
Dir: Michel Gondry

PEEK YMMIJ TUO!! Se Mike (Mos Def - please Mos, keep rhymin') tivesse lido o recado ao contrário teria mantido Jimmy (Jack Black) longe da locadora e nós não teríamos Be Kind Rewind para assistir. Jimmy após sofrer um acidente tem sua cabeça magnetizada e acaba apagando todas as fitas da locadora onde Mike trabalha. Impossível repor todos os VHS de filmes de duas ou três décadas atrás em época de blu-rays e afins. A saída que os dois malucos encontram é de "suecar" os filmes, ou melhor, refilmar lendas como Robocop, Ghostbusters, Conduzindo Miss Daisy, Rei Leão... da forma que podem. Para quem teve a mesma referência de filmes que eu tive na infância, certamente notará o carinho que Gondry trata cada filme. As produções são de morrer de rir. No fim das contas Mike e Jimmy viram as celebridades da pequena cidadezinha e contam com a população para a última cartada. Filme estranho para o diretor de O Brilho Eterno de uma Mente sem Lembrança, mas Block Party já não era? Incrível também não ver certas semelhanças com Saneamento Básico, O Filme. Mas sem dúvida uma boa comédia.

Trailer

Trailer "suecado"

*Para ver as versões suecadas: http://www.swededmovies.org/

..

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Horas depois

Na hora do sossego, depois do último assopro necessário para desenvolver e concluir o objetivo, vem o descanso do corpo aliviado da tensão submetida ao esforço direcionado ao concretismo da situação. Deixando de lado as pequenas insinuações de desespero que quase impedem a realização do sonho e passando pelas turbulentas sensações da constante sobrevivência.
Mas que merecido descanso da mente que hora desmente aquilo que parecia impossível ser.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

A pesquisa


O diggin' nosso de cada dia. A ciência daqueles que se interessam pela raiz da árvore e não somente pelo produto final. No final das contas aficcionados por originais de samples clássicos, a final, do que seria das pesquisas de Dilla, Money Mark, 9th Wonder e tantos outros produtores se não fossem o legado de bons músicos antigos e engenheiros de som como Van Gelder? Não é de hoje que a casa que abrigou Miles Davis, Coltrane, Dizzy Gillespie e tantos outros flertam com o rap. Antes dessa homenagem a Blue Note abriu as portas da gravadora para um grupo chamado Us3 (até começaram bem, mas cagaram em seguida) e também deram a oportunidade de Madlib criar um album apenas com o acervo da gravadora (o clássico Shades of Blue). O Droppin' Science traz 20 faixas originais da gravadora que já foram transformadas em beats. 


Para deixar a questão mais clara.
Exemplos:

Original

Milton Nascimento - Catavento

Sampler

Consequence - Don't forget Em (prod. Kanye West)

Claro?

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Ficção e verdade

Dejavu
Dir.: Leonardo Coutinho

De cada calçada de concreto da cidade 
cada viga que se ergue 
cada vida que se segue 
cada cidadão persegue a sua cóta lutando pra se manter 
marcando a mesma rota lutando pra nunca se perder 
pra não perder não ver a cara da derrota estampada na lorota 
que faz ponto a cada esquina encostada em algum poste 
pronta pra te desviar da sorte 
talvez um corte brusco na sua sina 
existem uns que seguem na rotina e não enxergam ao redor 
reclama e não se posta pra tornar melhor 
acha melhor sobreviver só mantendo distância 
de cada sonho que crescia na infância 
e cada esperança de criança se mistura ao ar impuro inspirado e espirado, 
por cada cidadão comum que deixa escorrer a liberdade 
na sargeta da calçada de concreto da cidade 

Hey Yan!
O Léo me mostrou este vídeo hoje, falou da simbologia e tudo mais. Pensei se seria legal levar pro A.L.I., ele até topa comparecer no grupo pra se explicar. Poderia ser interessante.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Reflexão Necessária...


Arte de Jean-Michel Basquiat

Discussões em relação a Urbanidade...

...

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

BOOMBOSSABAP



Estou voltando ao mundo do podcast. Espero que gostem...

Do Quinto ao Subsolo

Gato Congelado, Kamau, Lumbriga, dj Mako, Matéria Prima, Pai Lua, Shaw e Lua remanecentes do coletivo Quinto Andar mais underground que nunca. Os sons estão ótimos. Carlinha me prometeu disco para Dezembro. 

Dá o play

Acomodados morrem de infarte aos 80 de idade

domingo, 2 de novembro de 2008

Não tão outro...


foto: Yan Chaparro
Um outro se aproxima, suas vestimentas se assemelha aquilo que é dito por ai como morado de rua, vagabundo, mendigo, pedinte e até mesmo invisível. Este outro pronúncia uma voz a mesa em que eu estava, e com uma combinação de símbolos performáticos, ele estende a mão teatralmente, com olhos de tristeza, e pede uma moedinha.

Até agora tudo parece aceito como uma banalidade do cotidiano, quando o ordinário passa, somente passa, e sua pronuncia é do incomodo e do sentimento de dó (a morte perversa). Mas por uma ação inteligente e sensível de uma pessoa da mesa, esta historia me apresentou novos movimentos. Uma menina sugere que ela poderia dar um suco, um refrigerante ou um pastel, e este outro aceita um refrigerante. No instante em que a menina vai buscar o refrigerante, este outro modifica radicalmente seu discurso como sujeito social, uma postura subjetivada deste outro se mostra diferente, uma ação que me trouxe muitas indagações.

Este tal outro, revela um sorriso e conversa sobre muitas outras coisas, até sobre pescaria, e sobre as cidades que ele já passou, e estende por bons minutos uma conversa que passou por Manaus, São Paulo, Rio de Janeiro e Aquidauana. E por este instante o outro próximo se apresenta confortável no falar, em um estalo, como conseqüência de um ato mais perspicaz, a figura de um sujeito muda radicalmente, como quando a camuflagem construída por este outro, sofresse alguns borrões de descanso.

Quando este outro pede licença e vai caminhando, vejo ele voltando a performance em que se pede, em sua esperada (para os homens honestos) invisibilidade, volta à nostalgia da noite. E fico me indagando sobre tudo isso, quando por um feixe (postura nova) no cotidiano com uma lógica que parece banal, se modifica densamente.

Esse outro, não se parece tão outro, um longe que vaga, mas se mostra como não tão outro, e ao afirmar isso, é inevitável o questionamento sobre os sujeitos socais, muitos protegidos por vestimentas de guerra. Mas parece que no tecido urbano, ao falar sobre um outro, este não esta distante, e corta a carne (minha, sua, dele) no estar comunicativo desta mesma urbanidade.

Este outro da historia, possui um movimento parecido como o meu, e o seu, a diferença existe, mas quando se pensa em sujeitos urbanos, o outro não é tão outro assim, se assemelha quando o olhar e a escuta permite uma posição de mais perto.



Yan Chaparro – 27/10/2008