Pouco do corpo são as guerras, o sangue no deleito de algum final de dia, quando o sono é o alivio. Pouco do corpo é sombra que lembra movimentos antigos, imagens que parece este mesmo corpo que ensaiamos como nosso, como uma abstração que tenta nos guardar no mundo. Pouco do corpo são as dores que temos e imaginamos estar aqui dentro, ou fora quando é possível dançar. Pouco corpo é correr para sentir o gosto do próprio sangue na boca, é deitar pensando que o céu esta perto. Pois quem inventou o corpo como corpo que não é só corpo, não sei. O corpo, ou pouco dele, parece as emendas canibalistas que seguram as linhas das costuras errôneas chamada mundo. Pouco do corpo, é pouco das invenções que dizem ser pensamentos que contorna o que diz ser, existir assim. Pouco do corpo é algum salto que tem no chão seu inicio e seu final. Pouco do corpo é conhecer o chão e o ar que comprimi o alivio de ser pouco do corpo. Pouco do corpo, pouco, só pouco é possível ser alguma coisa não fora do corpo, mas corpo que faz de lagrimas desenhos que alguns corpos dizem dança, ou corpo que é voz, visível e invisível. Pouco do corpo é ter pena do corpo, pois ele é só corpo, nada mais. Pouco do corpo, não é riso que roda sem parar, pode também ser, mas um dia o pouco do corpo não será mais pouco, pois pouco não é o corpo, é insanidade do mesmo, do estranho corpo que tentamos ser como corpo, pois damos e desdamos sutilezas de contornos ao corpo. Pouco do corpo é muito mais perto do dialogo do sangue com o ar abstrato que faz do meu corpo o que não sei. Pouco do corpo são meus pés tentando pisar o mesmo chão que meu corpo sempre nega.
Yan Chaparro - 20.02.2010